Estas são as palavras iniciais do salmo 9: Vs. 1-2:
“Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as Tuas
maravilhas. Alegrar-me-ei e exultarei em Ti; ao Teu nome, ó Altíssimo, eu
cantarei louvores.” Aqui ele estabelece o assunto de todo o salmo. A
palavra–chave é “louvar” e o tema é o “Julgamento”.
O salmista começa este salmo com uma PROMESSA
PARA LOUVAR. Davi começa prometendo que louvará ao Senhor e nos instrui sobre
muitas coisas que temos que saber antes de louvar. Primeiro,
é salutar prometermos a Deus que haveremos de louvá-lO. Não tenhamos receio de
prometermos alguma coisa para o Senhor, porque Ele Se agrada de nossas
promessas, e Ele mesmo gosta de fazer promessas para nós.
Segundo, de que modo devemos louvá-lO? Davi
disse que louvaria a Deus “de todo o meu coração!” Isso indica a sinceridade
que ele revela ao louvar ao Senhor. Isso é diferente de quando nós O louvamos,
cantamos e entoamos hinos, pensando em outras coisas! Terceiro, a quem
louvaremos? Davi se dirige a Deus como Yahweh, o Deus Eterno, o Altíssimo,
diante de Quem devemos manifestar santa reverência em nosso louvor e nas
músicas que usamos para louvar!
Quarto, qual é o conteúdo do seu louvor? O
salmista “cantava” os louvores, “contando” as maravilhas de Deus. Há muitos
cânticos do nosso tempo que estão cheios da experiência humana, cheios das
lamúrias do homem em suas desgraças, em seus pecados, mas pouco das maravilhas
do Senhor. Mas há uma ciência aqui muito esquecida: é que haveremos de pregar
com êxito multiplicado, se falarmos mais das maravilhas dos poderosos feitos de
Deus e menos das falhas humanas! Temos contemplado mais “existencialismo” do
que cristianismo nas letras de muitos hinos de louvor! E cristianismo é seguir
e exaltar a Cristo!
Quinto, qual era a atitude no louvor?
“Alegrar-me-ei e exultarei em ti”. Precisamos manifestar a nossa alegria ao
louvar ao Senhor. Há muitos que louvam sem alegria no coração. Há muitos
legalistas que tem o seu coração fechado e cantam sem alegria. O seu canto não
é aceito, o seu louvor não chega ao Céu. Mas se o conteúdo de nosso louvor é
cantar e contar as maravilhas do nosso grande Deus, o Altíssimo, o Eterno, o
nosso Deus Salvador, então, haveremos de louvar com júbilo e alegria
transbordantes!
I – O MOTIVO PARA LOUVAR (v. 3-10)
1- Louvamos a Deus porque Ele julga retamente
(v. 3-8).
Aqui temos o primeiro motivo para louvar: Os
versos 3-8 nos falam de um justo Juiz. O que significa julgar retamente? O que
significa a justiça? De acordo com o Dicionário de Michaelis, justiça é a
“virtude que consiste em dar ou deixar a cada um o que por direito lhe
pertence.” Assim age Deus com os justos e os ímpios, sendo os justos aqueles
que foram transformados e convertidos, e os ímpios aqueles que rejeitam o
oferecimento da graça, rejeitam a misericórdia de Deus.
Davi disse que os seus inimigos retrocedem e
tropeçam porque Deus sustenta o seu direito e defende a sua causa, enquanto
está em Seu trono de Julgamento (v. 3-4). E ele identifica a esses inimigos
como sendo os mesmos ímpios que rejeitaram ao Senhor, e, portanto, serão destruídos
os ímpios de todas as nações (v. 5), numa antevisão do grande Julgamento final.
O seu nome será apagado, a sua memória perecerá (v. 6).
Mas enquanto os ímpios serão esquecidos, a
memória de um Juiz justo permanecerá eternamente: “7 Mas o SENHOR permanece no
seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. 8 Ele mesmo julga o mundo
com justiça; administra os povos com retidão.” Esta verdade dúplice é a
garantia de que teremos justiça eternamente, e de que jamais se levantará o
pecado com sua hedionda cabeça por outra vez. Teremos paz, harmonia e
consequentemente felicidade para sempre. Não admira de que temos muitos motivos
para louvar a Deus sempiternamente.
Mesmo hoje, vemos que Deus governa e administra
os povos com retidão e segurança. Nos dias da república de seu país, um
embaixador, certa noite, com grande ansiedade e cheio de temor, não podia
conciliar o sono, perturbado e apreensivo com a condição em que se achava o seu
país. Um servo sábio e idoso repousava no mesmo aposento, e notou a preocupação
excessiva do embaixador.
- Senhor embaixador, disse o sábio, me permite
fazer uma pergunta? – Perfeitamente. – Porventura Deus governou bem o mundo
antes de o senhor nascer? – Sem dúvida alguma – foi a resposta do embaixador. –
Governará Ele bem o mundo depois de sua ausência? – perguntou ainda o ancião. –
Por certo – responde o embaixador. – Então, não pode o senhor confiar a Ele a
direção do seu país, enquanto aqui se achar?
O embaixador, fatigado, virou-se e dormiu. De
fato, podemos dormir tranquilamente, porque o nosso Deus julga e governa o
mundo com justiça e sabedoria.
2- Louvamos a Deus porque Ele protege os
justos (v. 9-10).
Lemos ainda as palavras de Davi: “9 O SENHOR é
também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. 10 Em ti,
pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os
que te buscam.” Deus é o Refúgio de todos os que estão sendo oprimidos.
Estamos vivendo em um mundo de perseguidores,
homens que por motivos escusos, por motivos banais, ou sem motivo algum estão
prontos a prejudicar o semelhante, sem medir consequências, sem pesar os
resultados. Mas em Deus encontramos um “alto Refúgio”, nas horas de aflição e
angústia. Podemos confiar sempre nEle, porque não desampara os que O buscam. Podemos
louvá-lO porque Ele nos atende e defende contra os que nos ameaçam.
II – O APELO PARA LOUVAR (v. 11-12)
Mas Davi está tão cheio do desejo de louvar ao
Senhor que ele faz a seguir um veemente apelo para que a nação israelita louve
a Deus diante dos outros povos: “Cantai louvores ao SENHOR, que habita em Sião;
proclamai entre os povos os seus feitos.” (v. 11).
Somos convidados a louvar com cânticos ao
Senhor. Os hinos nos elevam mais rapidamente a Deus do que qualquer sermão. Os
hinos têm um poder de transformar a vida daqueles que vivem a cantar e louvar.
Alguns não encontram um meio de se livrar da murmuração. Pois Davi, ao invés de
reclamar, ele louva a Deus e convida outros a louvá-lO.
Vamos louvar Aquele que habita entre o Seu povo.
Ele habitava em Sião, no lugar onde estava o Seu templo, o templo que os judeus
edificaram para a Sua adoração e louvor. Mas o templo de Salomão foi destruído,
o povo judeu foi rejeitado porque rejeitou ao seu Benfeitor. Mas Ele habita
conosco, em nossas igrejas, em nossas casas, em nosso coração, e está sempre
conosco. Se sentimos a Sua presença tão palpável em nosso meio, ergamos o nosso
louvor em cânticos alegres, em hinos suaves e cheios de melodia e emoção.
Temos um apelo para pregar o Evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo: “Proclamai entre os povos os Seus feitos!” Este sempre foi
o plano de Deus para o Seu povo escolhido: proclamar as Suas maravilhas através
daqueles que estavam sendo beneficiados e salvos. E isto pode ser feito através
dos cânticos e hinos espirituais. Temos uma poderosa mensagem em nossos hinos
que contém a verdade para este tempo. Ao louvar a Deus, muitos outros dentre os
povos em todo o mundo hão de se converter e se unir a nós em nosso louvor.
III – A ORAÇÃO PARA LOUVAR (13-14)
Nós dependemos de Deus até para louvar. E Davi
faz esta oração: “13 Compadece-te de mim, SENHOR; vê a que sofrimentos me
reduziram os que me odeiam, tu que me levantas das portas da morte; 14 para
que, às portas da filha de Sião, eu proclame todos os teus louvores e me regozije
da tua salvação.”
Davi faz uma súplica a Deus para que Ele lhe
conceda a Sua compaixão. Felizmente, temos um Deus compassivo, que Se inclina
para ver os nossos sofrimentos, as nossas aflições. Davi está muito preocupado
com o que fizeram os seus adversários que o odiavam e tramavam o mal contra
ele. Ele estava sofrendo por causa de homens perversos e odiosos.
Porventura, isso é história antiga? Não estamos
sofrendo, de igual modo e muitas vezes, por causa dos que nos odeiam, que nos
fazem gemer, que nos perseguem e maldizem e intentam todo o mal contra nós?
Muitos dentre o povo de Deus vê se aproximar até a morte, por problemas que
estão enfrentando com outras pessoas.
Muitos hoje, no entanto, em meio a muitos
perigos, estão dizendo, confiantes: Senhor, “Tu me levantas das portas da
morte”, para que eu adentre as portas da Tua igreja, “para eu proclamar todos
os Teus louvores”. Muitos de nós estamos sendo salvos da morte, a fim de
proclamar o louvor de Deus e nos regozijar na Sua salvação.
IV – O RESULTADO DE NÃO LOUVAR (15-18)
Agora, Davi apresenta o resultado de não louvar
a Deus. Ninguém será obrigado a louvar; todos têm plena liberdade para viver
como quiserem. Entretanto, é pecado ser ingrato e não louvar e não reconhecer
Aquele que faz maravilhas em nossa vida. É pecado desprezar o Doador da vida, o
Salvador do pecado, o Criador do universo e de nós mesmos. É pecado não amar
Aquele que é amor. E seguirão as consequências.
O que acontecerá com as nações que não
reconhecem a Yahweh, a começar com os judeus? “Afundam-se as nações na cova que
fizeram, no laço que esconderam, prendeu-se-lhes o pé.” Aqui temos uma das
manifestações da justiça e do justo juízo divino: Deus dá às nações aquilo que
elas planejaram para os outros povos. Elas queriam destruí-los, e então serão
destruídas, e lançadas na cova da sepultura.
O salmista volta ao tema do juízo e da justiça
divina. Ele disse a respeito do ímpio: “enlaçado está o ímpio nas obras de suas
próprias mãos.” (v. 16). Mais tarde, Salomão, o filho de Davi disse a mesma
coisa em outras palavras: “Quanto ao perverso, as suas iniqüidades o prenderão,
e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22).
Mas qual será o destino de todos os que não
louvam a Deus? Para onde serão lançados? V. 17: “Os perversos serão lançados no
inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Estas palavras são citadas
por muitos estudiosos para ensinarem a existência de um inferno a arder
presentemente, como se o castigo dos ímpios já estivesse em operação. A
doutrina do inferno se espalha pela internet e pelos púlpitos modernos em meios
católicos e protestantes e até muçulmanos. Todos em uníssono afirmam que existe
um inferno e para lá se encaminham os perdidos de todos os povos.
Entretanto, não é isso o que disse Davi, que não
cria nesse inferno de fogo a arder eternamente. Primeiro, ele está usando o
tempo verbal para o futuro: “Os perversos serão lançados…”; não é algo que
acontece agora; os ímpios não estão sendo lançados hoje no inferno de fogo. A
Bíblia fala que o castigo dos ímpios é um acontecimento terrível, mas que
ocorrerá no futuro. Como disse Pedro (em 2Pe 3:7): “Ora, os céus que agora
existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando
reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.”
O apóstolo João, escrevendo no Apocalipse, disse
(em Ap 21:8): “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis,
aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos,
a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a
segunda morte.” Isto será um acontecimento futuro. Este será o grande Juízo
Executivo contra todos os ímpios que não quiseram reconhecer ao Soberano do
universo, negando-se a louvar Aquele que tem todo o direito à mais alta honra,
e louvor e glória por todos os séculos da eternidade.
Mas as palavras do salmista ainda nos dão mais
luz: ele está usando a palavra hebraica “sheol”, que significa “sepultura,
cova, morada dos mortos”. Ao dizer que “os perversos serão lançados no
inferno”, Davi está repetindo em um paralelismo sinônimo o que disse no verso
15: “Afundam-se as nações na cova que fizeram”.
Aqui ele está usando uma palavra sinônima no
hebraico para a cova da sepultura. Ele está dizendo que esses ímpios serão
destruídos e serão lançados na sepultura. Ele ainda não menciona o fogo
destruidor, mas indica a destruição que lhe era mais comum sobre que falar em
seus dias. Portanto, o v. 15 está em paralelo com o v. 17, e não ensina a
doutrina moderna do inferno de fogo eterno. E de fato, ela não se encontra na
Bíblia.
Mas qual é o grande problema dos ímpios? Eles
não serão lançados no inferno ou na sepultura porque cometeram os graves
pecados de que são acusados. Por que mesmo eles estão perdidos? A resposta está
nas palavras de Davi, o verso 17 (úp): eles “se esquecem de Deus” (v. 17).
Disse o apóstolo Paulo a respeito deles (em Rm
1:21-22), que são indesculpáveis “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se
por sábios, tornaram-se loucos”.
Este é o triste resultado de quem não reconhece,
não adora e não louva a Deus. É como disse o grande incrédulo Voltaire,
acusando-se com suas próprias palavras: “É preciso ser cego para não ver esta
majestade [nos céus estelares], é preciso ser estúpido para não reconhecer o
seu Autor, é preciso ser louco para não adorá-lO.”
Mas enquanto os ímpios se esquecem
deliberadamente de Deus, os justos não serão esquecidos (v. 18). Às vezes nos
parece que Deus está Se esquecendo de nós, ao contemplarmos que se demora a
ajuda em nossas muitas aflições. Parece que as nossas orações não encontram eco
no coração do Altíssimo que está tão longe em Seu trono de glória, tão ocupado
a julgar as nações e a governar o universo.
Entretanto, a Sua promessa é esta, v. 18: “O
necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há
de frustrar perpetuamente.” Aqueles que se lembram de Deus hoje, amanhã e
depois serão lembrados eternamente.
CONCLUSÃO (V. 19-20)
Davi termina o salmo com estas palavras cheias
de significado: “19 Levanta-te, SENHOR; não prevaleça o mortal. Sejam as nações
julgadas na tua presença. 20 Infunde-lhes, SENHOR, o medo; saibam as nações que
não passam de mortais.” Ele ora, novamente e se dirige a Deus para que Se
levante, tome a iniciativa, a fim de avisar ao ímpio que ele não passa de um
simples mortal. Ele volta ao assunto do Juízo, que é o seu tema principal, ao
redor do que ele conclama a todos para louvar a Deus, que executa a justiça
imparcialmente, punindo ao ímpio e justificando ao crente agradecido e cheio de
louvor pela libertação e salvação.
Esta é uma oração de valor missionário. Davi
pede em favor dos ímpios, a fim de que possam abrir os olhos e ser esclarecidos
em sua mente, através de uma interferência divina, e sejam salvos, quando forem
julgados. Ele pede que Deus lhes infunda o medo, o temor saudável, a fim de que
possam reconhecer que são mortais, fracos e que não podem lutar contra Deus e
Seu povo e ficar impunes no dia do Julgamento final. Tendo esta visão, eles
ainda podem ter esperança.
Temos nós o temor de Deus diante de nossos
olhos? “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 1:7). Temos nós
outros a consciência de nossas fragilidades, de que não passamos de mortais e
que não podemos prevalecer contra Deus e Sua verdade?
Vamos louvar ao nosso grande Deus, porque aí
estará a nossa força. Vimos que temos um grande motivo para louvar, pelo fato
de que seremos justificados e livres com a nossa causa defendida no Juízo
final. Vimos a necessidade de orarmos antes de louvar, pedindo a compaixão de
Deus, a fim de que nos salve, e nos prepare para louvar. Vimos o resultado de
não louvar. E finalmente, tivemos um apelo para louvarmos ao Senhor e Salvador
nosso. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã
e eternamente.
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