No último sábado dia 18 de
fevereiro de 2012, a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Beruri, se reuniu com as
igrejas de Ajaratuba, Anamã, Anori, Caviana, e com Alguns irmãos representando
as igrejas de Manaus e Codajás em um “Retiro Espiritual” na Comunidade do
Ajaratuba “Jardim do Édem”.
O Retiro Espiritual
contou com a presença do Pastor Distrital Alberto Ádrio. O mesmo, ungido pelo
Santo Espírito de Deus, dirigiu inúmeras mensagens maravilhosas, levando a
grande congregação a meditar nos ensinos e exemplos de Jesus, apresentou também
o desejo de Deus para com seu povo.
O Retiro Espiritual teve
início no sábado e finalizou na terça-feira 21/02/2012. Foram dias de muita
alegria, com toda a certeza Deus, Jesus e o Espírito Santo se faziam presente
neste lugar.
Além das mensagens, os jovens
se divertiram com gincanas, sociais e muitas amizades.
A programação ocorreu
assim:
No sábado pela manhã
houve a Escola Sabatina, Culto divino e a tarde as 16:00 Programa JÁ com uma “chepa”
(linguagem popular que significa alimento, comida, tudo o que é comestível) cheia
de variedades. A noite houve um belíssimo social, onde todos puderam se
divertir com alegria, ordem e com muita decência.
No domingo e nos demais
dias da semana houve o culto do alvorecer as 5:30, as 8:00 culto abençoado, 9:30
e 14:00 gincana (com pergunta bíblicas, conhecimentos gerais, raciocínio entre
outros), tarde livre, pôr-do-sol e a noite o culto.
Na segunda-feira à noite,
houve a Noite de Louvor e Adoração a Deus. E logo após a programação todos se
divertiram com social.
Essa programação
especial não poderia finalizar sem um lindo batismo, por isso, no último dia,
candidatos ao batismo de Ajaratuba, Anamã, Anori e Beruri, submergiram as águas
batismais e, em Cristo Jesus emergiram como novas criaturas. Finalizando a
programação com uma fogueira e logo após os jovens fizeram como despedida um social, onde também foi dado o
resultado da gincana.
Na gincana os grupos
participantes foram: Caldo de Piaba –
Beruri I e IV(2º lugar), Beija-Flor –
Beruri II, Guerreiro da Fé – Anamã e
Mensageiros – Anorí( 1º lugar).
Todos se despediram na
certeza de que em 2013 em nome de Jesus lá estaremos e que esse ano foi ótimo,
mas, no ano que vem será melhor ainda.
Nota: Agradecemos a
todos os irmãos de Ajaratuba pela recepção amável, pelo carinho, respeito e
atenção. Ao Pr. Alberto Ádrio pelas mensagens, palestras e por dividir conosco
seus ensinamentos. Agradecemos ao companheirismo dos irmãos de Anorí, Anamã,
Caviana, Manaus e Codajás. E parabenizar aos Desbravadores “Jóias Preciosas” da
IASD em Anamã pelo trabalho desenvolvido.
Estas são as palavras iniciais do salmo 9: Vs. 1-2:
“Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as Tuas
maravilhas. Alegrar-me-ei e exultarei em Ti; ao Teu nome, ó Altíssimo, eu
cantarei louvores.” Aqui ele estabelece o assunto de todo o salmo. A
palavra–chave é “louvar” e o tema é o “Julgamento”.
O salmista começa este salmo com uma PROMESSA
PARA LOUVAR. Davi começa prometendo que louvará ao Senhor e nos instrui sobre
muitas coisas que temos que saber antes de louvar. Primeiro,
é salutar prometermos a Deus que haveremos de louvá-lO. Não tenhamos receio de
prometermos alguma coisa para o Senhor, porque Ele Se agrada de nossas
promessas, e Ele mesmo gosta de fazer promessas para nós.
Segundo, de que modo devemos louvá-lO? Davi
disse que louvaria a Deus “de todo o meu coração!” Isso indica a sinceridade
que ele revela ao louvar ao Senhor. Isso é diferente de quando nós O louvamos,
cantamos e entoamos hinos, pensando em outras coisas! Terceiro, a quem
louvaremos? Davi se dirige a Deus como Yahweh, o Deus Eterno, o Altíssimo,
diante de Quem devemos manifestar santa reverência em nosso louvor e nas
músicas que usamos para louvar!
Quarto, qual é o conteúdo do seu louvor? O
salmista “cantava” os louvores, “contando” as maravilhas de Deus. Há muitos
cânticos do nosso tempo que estão cheios da experiência humana, cheios das
lamúrias do homem em suas desgraças, em seus pecados, mas pouco das maravilhas
do Senhor. Mas há uma ciência aqui muito esquecida: é que haveremos de pregar
com êxito multiplicado, se falarmos mais das maravilhas dos poderosos feitos de
Deus e menos das falhas humanas! Temos contemplado mais “existencialismo” do
que cristianismo nas letras de muitos hinos de louvor! E cristianismo é seguir
e exaltar a Cristo!
Quinto, qual era a atitude no louvor?
“Alegrar-me-ei e exultarei em ti”. Precisamos manifestar a nossa alegria ao
louvar ao Senhor. Há muitos que louvam sem alegria no coração. Há muitos
legalistas que tem o seu coração fechado e cantam sem alegria. O seu canto não
é aceito, o seu louvor não chega ao Céu. Mas se o conteúdo de nosso louvor é
cantar e contar as maravilhas do nosso grande Deus, o Altíssimo, o Eterno, o
nosso Deus Salvador, então, haveremos de louvar com júbilo e alegria
transbordantes!
I – O MOTIVO PARA LOUVAR (v. 3-10)
1- Louvamos a Deus porque Ele julga retamente
(v. 3-8).
Aqui temos o primeiro motivo para louvar: Os
versos 3-8 nos falam de um justo Juiz. O que significa julgar retamente? O que
significa a justiça? De acordo com o Dicionário de Michaelis, justiça é a
“virtude que consiste em dar ou deixar a cada um o que por direito lhe
pertence.” Assim age Deus com os justos e os ímpios, sendo os justos aqueles
que foram transformados e convertidos, e os ímpios aqueles que rejeitam o
oferecimento da graça, rejeitam a misericórdia de Deus.
Davi disse que os seus inimigos retrocedem e
tropeçam porque Deus sustenta o seu direito e defende a sua causa, enquanto
está em Seu trono de Julgamento (v. 3-4). E ele identifica a esses inimigos
como sendo os mesmos ímpios que rejeitaram ao Senhor, e, portanto, serão destruídos
os ímpios de todas as nações (v. 5), numa antevisão do grande Julgamento final.
O seu nome será apagado, a sua memória perecerá (v. 6).
Mas enquanto os ímpios serão esquecidos, a
memória de um Juiz justo permanecerá eternamente: “7 Mas o SENHOR permanece no
seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. 8 Ele mesmo julga o mundo
com justiça; administra os povos com retidão.” Esta verdade dúplice é a
garantia de que teremos justiça eternamente, e de que jamais se levantará o
pecado com sua hedionda cabeça por outra vez. Teremos paz, harmonia e
consequentemente felicidade para sempre. Não admira de que temos muitos motivos
para louvar a Deus sempiternamente.
Mesmo hoje, vemos que Deus governa e administra
os povos com retidão e segurança. Nos dias da república de seu país, um
embaixador, certa noite, com grande ansiedade e cheio de temor, não podia
conciliar o sono, perturbado e apreensivo com a condição em que se achava o seu
país. Um servo sábio e idoso repousava no mesmo aposento, e notou a preocupação
excessiva do embaixador.
- Senhor embaixador, disse o sábio, me permite
fazer uma pergunta? – Perfeitamente. – Porventura Deus governou bem o mundo
antes de o senhor nascer? – Sem dúvida alguma – foi a resposta do embaixador. –
Governará Ele bem o mundo depois de sua ausência? – perguntou ainda o ancião. –
Por certo – responde o embaixador. – Então, não pode o senhor confiar a Ele a
direção do seu país, enquanto aqui se achar?
O embaixador, fatigado, virou-se e dormiu. De
fato, podemos dormir tranquilamente, porque o nosso Deus julga e governa o
mundo com justiça e sabedoria.
2- Louvamos a Deus porque Ele protege os
justos (v. 9-10).
Lemos ainda as palavras de Davi: “9 O SENHOR é
também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. 10 Em ti,
pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os
que te buscam.” Deus é o Refúgio de todos os que estão sendo oprimidos.
Estamos vivendo em um mundo de perseguidores,
homens que por motivos escusos, por motivos banais, ou sem motivo algum estão
prontos a prejudicar o semelhante, sem medir consequências, sem pesar os
resultados. Mas em Deus encontramos um “alto Refúgio”, nas horas de aflição e
angústia. Podemos confiar sempre nEle, porque não desampara os que O buscam. Podemos
louvá-lO porque Ele nos atende e defende contra os que nos ameaçam.
II – O APELO PARA LOUVAR (v. 11-12)
Mas Davi está tão cheio do desejo de louvar ao
Senhor que ele faz a seguir um veemente apelo para que a nação israelita louve
a Deus diante dos outros povos: “Cantai louvores ao SENHOR, que habita em Sião;
proclamai entre os povos os seus feitos.” (v. 11).
Somos convidados a louvar com cânticos ao
Senhor. Os hinos nos elevam mais rapidamente a Deus do que qualquer sermão. Os
hinos têm um poder de transformar a vida daqueles que vivem a cantar e louvar.
Alguns não encontram um meio de se livrar da murmuração. Pois Davi, ao invés de
reclamar, ele louva a Deus e convida outros a louvá-lO.
Vamos louvar Aquele que habita entre o Seu povo.
Ele habitava em Sião, no lugar onde estava o Seu templo, o templo que os judeus
edificaram para a Sua adoração e louvor. Mas o templo de Salomão foi destruído,
o povo judeu foi rejeitado porque rejeitou ao seu Benfeitor. Mas Ele habita
conosco, em nossas igrejas, em nossas casas, em nosso coração, e está sempre
conosco. Se sentimos a Sua presença tão palpável em nosso meio, ergamos o nosso
louvor em cânticos alegres, em hinos suaves e cheios de melodia e emoção.
Temos um apelo para pregar o Evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo: “Proclamai entre os povos os Seus feitos!” Este sempre foi
o plano de Deus para o Seu povo escolhido: proclamar as Suas maravilhas através
daqueles que estavam sendo beneficiados e salvos. E isto pode ser feito através
dos cânticos e hinos espirituais. Temos uma poderosa mensagem em nossos hinos
que contém a verdade para este tempo. Ao louvar a Deus, muitos outros dentre os
povos em todo o mundo hão de se converter e se unir a nós em nosso louvor.
III – A ORAÇÃO PARA LOUVAR (13-14)
Nós dependemos de Deus até para louvar. E Davi
faz esta oração: “13 Compadece-te de mim, SENHOR; vê a que sofrimentos me
reduziram os que me odeiam, tu que me levantas das portas da morte; 14 para
que, às portas da filha de Sião, eu proclame todos os teus louvores e me regozije
da tua salvação.”
Davi faz uma súplica a Deus para que Ele lhe
conceda a Sua compaixão. Felizmente, temos um Deus compassivo, que Se inclina
para ver os nossos sofrimentos, as nossas aflições. Davi está muito preocupado
com o que fizeram os seus adversários que o odiavam e tramavam o mal contra
ele. Ele estava sofrendo por causa de homens perversos e odiosos.
Porventura, isso é história antiga? Não estamos
sofrendo, de igual modo e muitas vezes, por causa dos que nos odeiam, que nos
fazem gemer, que nos perseguem e maldizem e intentam todo o mal contra nós?
Muitos dentre o povo de Deus vê se aproximar até a morte, por problemas que
estão enfrentando com outras pessoas.
Muitos hoje, no entanto, em meio a muitos
perigos, estão dizendo, confiantes: Senhor, “Tu me levantas das portas da
morte”, para que eu adentre as portas da Tua igreja, “para eu proclamar todos
os Teus louvores”. Muitos de nós estamos sendo salvos da morte, a fim de
proclamar o louvor de Deus e nos regozijar na Sua salvação.
IV – O RESULTADO DE NÃO LOUVAR (15-18)
Agora, Davi apresenta o resultado de não louvar
a Deus. Ninguém será obrigado a louvar; todos têm plena liberdade para viver
como quiserem. Entretanto, é pecado ser ingrato e não louvar e não reconhecer
Aquele que faz maravilhas em nossa vida. É pecado desprezar o Doador da vida, o
Salvador do pecado, o Criador do universo e de nós mesmos. É pecado não amar
Aquele que é amor. E seguirão as consequências.
O que acontecerá com as nações que não
reconhecem a Yahweh, a começar com os judeus? “Afundam-se as nações na cova que
fizeram, no laço que esconderam, prendeu-se-lhes o pé.” Aqui temos uma das
manifestações da justiça e do justo juízo divino: Deus dá às nações aquilo que
elas planejaram para os outros povos. Elas queriam destruí-los, e então serão
destruídas, e lançadas na cova da sepultura.
O salmista volta ao tema do juízo e da justiça
divina. Ele disse a respeito do ímpio: “enlaçado está o ímpio nas obras de suas
próprias mãos.” (v. 16). Mais tarde, Salomão, o filho de Davi disse a mesma
coisa em outras palavras: “Quanto ao perverso, as suas iniqüidades o prenderão,
e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22).
Mas qual será o destino de todos os que não
louvam a Deus? Para onde serão lançados? V. 17: “Os perversos serão lançados no
inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Estas palavras são citadas
por muitos estudiosos para ensinarem a existência de um inferno a arder
presentemente, como se o castigo dos ímpios já estivesse em operação. A
doutrina do inferno se espalha pela internet e pelos púlpitos modernos em meios
católicos e protestantes e até muçulmanos. Todos em uníssono afirmam que existe
um inferno e para lá se encaminham os perdidos de todos os povos.
Entretanto, não é isso o que disse Davi, que não
cria nesse inferno de fogo a arder eternamente. Primeiro, ele está usando o
tempo verbal para o futuro: “Os perversos serão lançados…”; não é algo que
acontece agora; os ímpios não estão sendo lançados hoje no inferno de fogo. A
Bíblia fala que o castigo dos ímpios é um acontecimento terrível, mas que
ocorrerá no futuro. Como disse Pedro (em 2Pe 3:7): “Ora, os céus que agora
existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando
reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.”
O apóstolo João, escrevendo no Apocalipse, disse
(em Ap 21:8): “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis,
aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos,
a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a
segunda morte.” Isto será um acontecimento futuro. Este será o grande Juízo
Executivo contra todos os ímpios que não quiseram reconhecer ao Soberano do
universo, negando-se a louvar Aquele que tem todo o direito à mais alta honra,
e louvor e glória por todos os séculos da eternidade.
Mas as palavras do salmista ainda nos dão mais
luz: ele está usando a palavra hebraica “sheol”, que significa “sepultura,
cova, morada dos mortos”. Ao dizer que “os perversos serão lançados no
inferno”, Davi está repetindo em um paralelismo sinônimo o que disse no verso
15: “Afundam-se as nações na cova que fizeram”.
Aqui ele está usando uma palavra sinônima no
hebraico para a cova da sepultura. Ele está dizendo que esses ímpios serão
destruídos e serão lançados na sepultura. Ele ainda não menciona o fogo
destruidor, mas indica a destruição que lhe era mais comum sobre que falar em
seus dias. Portanto, o v. 15 está em paralelo com o v. 17, e não ensina a
doutrina moderna do inferno de fogo eterno. E de fato, ela não se encontra na
Bíblia.
Mas qual é o grande problema dos ímpios? Eles
não serão lançados no inferno ou na sepultura porque cometeram os graves
pecados de que são acusados. Por que mesmo eles estão perdidos? A resposta está
nas palavras de Davi, o verso 17 (úp): eles “se esquecem de Deus” (v. 17).
Disse o apóstolo Paulo a respeito deles (em Rm
1:21-22), que são indesculpáveis “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se
por sábios, tornaram-se loucos”.
Este é o triste resultado de quem não reconhece,
não adora e não louva a Deus. É como disse o grande incrédulo Voltaire,
acusando-se com suas próprias palavras: “É preciso ser cego para não ver esta
majestade [nos céus estelares], é preciso ser estúpido para não reconhecer o
seu Autor, é preciso ser louco para não adorá-lO.”
Mas enquanto os ímpios se esquecem
deliberadamente de Deus, os justos não serão esquecidos (v. 18). Às vezes nos
parece que Deus está Se esquecendo de nós, ao contemplarmos que se demora a
ajuda em nossas muitas aflições. Parece que as nossas orações não encontram eco
no coração do Altíssimo que está tão longe em Seu trono de glória, tão ocupado
a julgar as nações e a governar o universo.
Entretanto, a Sua promessa é esta, v. 18: “O
necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há
de frustrar perpetuamente.” Aqueles que se lembram de Deus hoje, amanhã e
depois serão lembrados eternamente.
CONCLUSÃO (V. 19-20)
Davi termina o salmo com estas palavras cheias
de significado: “19 Levanta-te, SENHOR; não prevaleça o mortal. Sejam as nações
julgadas na tua presença. 20 Infunde-lhes, SENHOR, o medo; saibam as nações que
não passam de mortais.” Ele ora, novamente e se dirige a Deus para que Se
levante, tome a iniciativa, a fim de avisar ao ímpio que ele não passa de um
simples mortal. Ele volta ao assunto do Juízo, que é o seu tema principal, ao
redor do que ele conclama a todos para louvar a Deus, que executa a justiça
imparcialmente, punindo ao ímpio e justificando ao crente agradecido e cheio de
louvor pela libertação e salvação.
Esta é uma oração de valor missionário. Davi
pede em favor dos ímpios, a fim de que possam abrir os olhos e ser esclarecidos
em sua mente, através de uma interferência divina, e sejam salvos, quando forem
julgados. Ele pede que Deus lhes infunda o medo, o temor saudável, a fim de que
possam reconhecer que são mortais, fracos e que não podem lutar contra Deus e
Seu povo e ficar impunes no dia do Julgamento final. Tendo esta visão, eles
ainda podem ter esperança.
Temos nós o temor de Deus diante de nossos
olhos? “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 1:7). Temos nós
outros a consciência de nossas fragilidades, de que não passamos de mortais e
que não podemos prevalecer contra Deus e Sua verdade?
Vamos louvar ao nosso grande Deus, porque aí
estará a nossa força. Vimos que temos um grande motivo para louvar, pelo fato
de que seremos justificados e livres com a nossa causa defendida no Juízo
final. Vimos a necessidade de orarmos antes de louvar, pedindo a compaixão de
Deus, a fim de que nos salve, e nos prepare para louvar. Vimos o resultado de
não louvar. E finalmente, tivemos um apelo para louvarmos ao Senhor e Salvador
nosso. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã
e eternamente.
Todo
discurso e todo sermão deve ter 3 partes indispensáveis: (1) Introdução, (2)
Corpo e (3) Conclusão, ou se preferir, eles tem Começo, Corpo e Conclusão. E
assim são os salmos que são sermões inspirados, que tem um começo, em que se
introduz um assunto, tem um desenvolvimento dele, e logo a seguir, vem o final
geralmente climático. Neste salmo, vemos uma introdução inicial, um assunto que
se desenvolve por 3 palavras-chave, e um clímax no final. As 3 palavras que
revelam todo o salmo 7 são estas: Acusação, Julgamento e Condenação.
Este salmo é considerado o primeiro dentre os
Salmos Imprecatórios, que contém uma solicitação de juízo, calamidade ou
maldição contra os inimigos do salmista, que são vistos como inimigos de Deus.
Estes salmos tem deixado perplexos a muitos estudiosos, mas devemos levar em
conta o propósito deles: (1) demonstrar o trato de Deus contra os ímpios, (2)
dar uma oportunidade de arrependimento para eles, (3) vindicar os justos
perseguidos e (4) motivar a todos, justos e injustos, a louvar a justiça
divina, agora e no grande Julgamento divino.
O
salmo 7 é introduzido com estas palavras de Davi: “Senhor, Deus meu, em ti me
refugio; salva-me de todos os que me perseguem e livra-me; para que ninguém,
como leão, me arrebate, despedaçando-me, não havendo quem me livre.” (v. 1-2).
Davi
faz uma declaração diretamente a Deus, afirmando que Ele é o seu “Refúgio”.
Toda oração geralmente começa com uma prece de gratidão, exceto quando a alma
está atribulada. E esse era o caso daquele homem, que agora clamava dizendo:
“Salva-me e livra-me!” Ele não orava por salvação do pecado; ele orava por
livramento dos seus inimigos, que o perseguiam “como leão”.
Davi
conhecia a força destruidora de um leão. Ele via leões destruindo vidas
inocentes e indefesas, e certa vez, quando era jovem, ele apascentava as
ovelhas de seu pai, e viu um leão levando uma ovelha em sua boca, e ele correu
atrás do animal, e tirou a ovelha da boca do leão e o matou. Mas agora, ele
temia um inimigo que se comparava a um leão mais forte do que ele, que podia
arrebatá-lo, despedaçando-o, sem chance de escapar, sem uma possibilidade de livramento.
Que
palavras desesperadoras: “não havendo quem me livre!” Parece bem com as
palavras que são retratadas pelo apóstolo Paulo: “Desventurado homem que sou!
Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Mas Paulo não falava de si
mesmo, porque ele conhecia o seu Libertador; ele falava de um homem perdido,
que, embora conhecesse a Lei de Deus, desconhecia o Salvador. Davi conhecia o
seu Libertador, mas falou desse modo para ressaltar a sua desesperança se ele
não tivesse a Deus como o seu Refúgio.
De
fato, se não fosse a ajuda constante de Deus, seríamos despedaçados pelo nosso
maior inimigo. Satanás é comparado a um leão, “que ruge procurando alguém para
devorar” (1Pe 5:8). Os leões são traiçoeiros e se aproveitam das fraquezas de
suas vítimas. E assim age Satanás e todos os nossos inimigos que nos ameaçam, e
rondam procurando uma ocasião oportuna para atacar pelas costas, a fim de nos
destruir. Mas, como Davi, nossa única esperança está em buscar o refúgio em
nosso poderoso Deus.
I
– ACUSAÇÃO (vs. 3-5)
V.
3-4: “Senhor, meu Deus, se eu fiz o de que me culpam, se nas minhas mãos há
iniqüidade, [4] se paguei com o mal a quem estava em paz comigo, eu, que poupei
aquele que sem razão me oprimia.”
1
– Davi foi acusado falsamente. Ele usa as mesmas palavras que usou no verso 1,
dirigindo-se ao “Senhor, meu Deus”, porque estas são as expressões de alguém
que está ofendido e profundamente angustiado, sem poder achar uma solução para
o seu caso. Ele disse: “se eu fiz o de que me culpam…” Ele estava sendo inculpado
de alguma coisa que ele não praticara.
2
– Davi afirma a sua inocência. Diz ele: “se nas minhas mãos há iniqüidade…” Ele
se nega a confessar um pecado que ele não praticou. O tríplice uso da palavra
“se” indica claramente a afirmação de sua fidelidade. Davi já havia feito um
protesto diante de Jônatas a quem dirigiu estas palavras: “Que fiz eu? Qual é a
minha culpa? E qual é o meu pecado diante de teu pai, que procura tirar-me a
vida?” (1Sm 20:1). Ele tinha uma consciência limpa e era fiel e verdadeiro.
3
– Davi revela o crime de que o acusavam. Notem o que ele diz: “se paguei com o
mal a quem estava em paz comigo.” Isto se refere ao rei Saul porque logo ele
acrescenta: “eu, que poupei aquele que sem razão me oprimia…” De acordo com o
título, o salmo foi escrito “com respeito às palavras de Cuxe”. Esse homem era
um parente de Saul, da mesma tribo de Benjamim. Ele havia caluniado a Davi,
acusando-o de conspiração contra o rei Saul, a fim de matá-lo. Quando Davi se
defrontou com o rei Saul disse-lhe: “Por que dás tu ouvidos às palavras dos
homens que dizem: ‘Davi procura fazer-te mal!’?” (1 Sam 24:9).
Esta
foi a explicação de Davi ao rei Saul, quando foi instigado a matar o rei Saul,
o seu inimigo opressor: “Os teus próprios olhos viram, hoje, que o Senhor te
pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que eu te matasse; porém a
minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a mão contra o meu senhor,
pois é o ungido de Deus.” (1Sm 24:10). Davi tinha mostrado claramente sua
inocência ao poupar a vida de Saul, quando ele podia tê-lo matado facilmente.
Este
é o fato: acusação falsa de conspiração contra um homem de Deus que tinha a
misericórdia de até poupar a vida de um grande inimigo seu, que procurava
matá-lo a todo custo, em muitas ocasiões, vivendo “à caça de minha vida”, “como
leão” (disse ele, 1Sm 24:11)! Assim era Davi. Não admira que fosse chamado de
“o homem segundo o coração de Deus” (At 13:22), porque Deus é misericordioso
até com os Seus piores inimigos, poupando a vida deles, e dando-lhes
oportunidade de se arrependerem para serem salvos e viverem eternamente com o
Seu Benfeitor!
4
– Davi faz o juramento de sua inocência. Disse no v. 5: [Se eu sou culpado]
“persiga o inimigo a minha alma e alcance-a, espezinhe no chão a minha vida e
arraste no pó a minha glória”. É como se diz hoje em dia: “Se eu fiz isso,
quero que caia um raio do céu na minha cabeça!” Isto é um juramento; ele está
disposto a sofrer, se ele for culpado de alguma coisa de que é acusado. Isso
indica que ele realmente é inocente, e usa uma linguagem muito forte, quase em
desespero, para se defender diante de Deus.
Com
efeito, o veneno da calúnia pode levar a vítima ao desespero ou à loucura. As
palavras de Cuxe feriram os sentimentos de Davi, atacaram a sua reputação e
destruíram a sua paz.
Conta
uma lenda que os animais um dia perguntaram, desafiando a serpente:
-
O leão, disseram eles, atira-se contra a presa, mata-a e devora-a. O lobo
estraçalha a ovelha que lhe serve de alimento. O tigre, quando faminto ataca o
carneiro e arrasta-o para o seu covil. Mas você, malvada serpente, o que faz?
Pica a sua vítima e transmite o veneno para ela. Ora, que proveito você tira da
sua perversidade peçonhenta?
Contorcendo-se,
responde a serpente:
-
Nada espero dos golpes venenosos que eu aplico. Do mal que faço, não tiro o
menor proveito. Sigo traindo, envenenando, semeando a dor e a morte, mas não
sou pior que o caluniador”. (Malba Tahan).
A
Bíblia diz que muitos outros foram caluniados, acusados injusta e falsamente, e
sofreram muito por causa de pessoas perversas e invejosas. (1) José do Egito
foi acusado injustamente de seduzir a mulher de Potifar. (2) Jeremias foi
acusado de profetizar falsamente em nome do Senhor contra Jerusalém. (3) Daniel
foi acusado de rebelião contra o decreto do rei Dario. (4) Paulo foi acusado
pelos judeus de ensinar contra a lei. (5) Jesus Cristo foi acusado de
blasfêmia, de traição e de insurreição contra Roma, e foi “açoitado para
pacificar os acusadores” (O Desejado de Todas as Nações, p. 732).
Era
tempo de guerra. Aprisionaram um soldado que regressara ao acampamento, vindo
de uma mata próxima. Ele foi acusado de estar traindo o seu exército, mantendo
contato com o inimigo e foi levado à presença do comandante.
-
O que você estava fazendo naquela mata, àquela hora da noite? – perguntou o
oficial.
-
Fui ali para orar por mim, fazer uma oração ao meu Deus – respondeu o jovem.
Não
convencido, o comandante ordenou friamente que o jovem se ajoelhasse e orasse.
-
Se você tem o hábito de orar tanto por auxilio, faça-o agora.
Compreendendo
que a acusação de traição poderia significar morte, o jovem caiu de joelhos, e
desabafou o coração diante de Deus. Foi patente, em vista de sua fervorosa
conversa com o Senhor, que esta não era uma nova experiência em sua vida. Ao
soltar ele as últimas palavras e abrir os olhos, viu uma nova expressão da
fisionomia do comandante.
-
Ergue-te – disse simplesmente o oficial – pode ir embora. Creio no que você
disse; do contrário, não poderia fazê-lo tão bem como fez agora.
Disse
o apóstolo Paulo que todos os cristãos sofrerão perseguição; todos os que
pretendem servir a Deus serão chamados a suportar as mais vis calúnias e falsas
acusações (2Tm 3:12). A Bíblia também diz que Satanás nos acusa de dia e de
noite (Ap 12:10). Portanto, o salmo 7 contém uma grande mensagem de conforto e
esperança para todos os cristãos. Esta é também uma mensagem escatológica,
porque traz uma grande consolação a todos os que no tempo do fim são injustamente
perseguidos. Ele contém um grande encorajamento para o remanescente fiel quando
for vítima das maldições do conflito final com os poderes das trevas, e quando
for acusado falsamente.
II
– JULGAMENTO (vs. 6-11)
Davi
apela para a intervenção divina. Ele disse, v. 6: “Levanta-te, Senhor, na Tua
indignação!” Este é um apelo para que Deus tome uma iniciativa, e intervenha a
fim de julgar o seu caso. Ele estava sofrendo horrivelmente pela língua
caluniosa dos seus inimigos, e de Cuxe em particular. “Mostra a Tua grandeza
contra a fúria dos meus adversários!” Isso demonstra claramente que os seus
inimigos queriam destruí-lo, e estavam ferozes contra ele. Mas ele sabia que
Deus estava indignado contra eles.
Toda
acusação será levada a julgamento; senão dos homens, o caso será levado a
julgamento divino. Toda palavra proferida tem as suas conseqüências ou para o
bem ou para o mal de quem a proferiu. Disse Jesus Cristo sobre este solene
assunto: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela
darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e,
pelas tuas palavras, serás condenado.” (Mt 12:36-37).
Mas
Davi responde a pergunta: Como
será o Julgamento divino?
1
– O Julgamento será universal. V. 7: “Reúnam-se ao redor de Ti os povos!” V.
8a: “O Senhor julga os povos”, como foi no passado, e como será no futuro! Davi
não tem receio da presença de todos os povos para presenciar ao julgamento de
sua causa. Ele mesmo chama agora os povos reunidos para serem suas testemunhas.
Ele lembra que o seu próprio povo contemplava as suas perseguições, e ouvia as
acusações contra ele, e muitos estavam na dúvida.
Ele
prevê o dia do grande Juízo em que todos universalmente comparecerão diante do
Tribunal divino, em que Deus estará acima de todas as nações da Terra. A
doutrina do Juízo é encontrada em muitos lugares na Bíblia, e nos salmos isto é
uma realidade impressionante. “O Senhor julga os povos”!
2
– O Julgamento será individual.V.
8b: “Julga-me, Senhor!” Embora seja um julgamento universal,
cada pessoa será julgada separadamente. Davi faz um forte apelo para que Deus
venha julgá-lo pessoalmente. “Se Deus julga a todos os povos, por que Se demora
em me julgar e defender a minha causa?” Não é admirável que ele peça que Deus o
julgue? Não seria de se temer o julgamento divino? Não, pelo contrário; ele
temia mais o juízo humano; porque ele já estava sendo julgado pelos homens que
o condenaram por atos que ele não praticara, e, portanto, julgaram mal ao
inocente. Eles queriam matá-lo, porque o juízo dos homens é preconceituoso,
injusto, e implacável. Mas Davi, então, recorre ao julgamento de Deus.
Neste
ponto, fazemos 3 perguntas pertinentes:
(1)
Os justos serão julgados? Esta é a verdade mais clara do texto. Davi era
um homem justo e queria ser julgado por Deus. Mas, pergunte aos teólogos
populares e eles responderão que os cristãos não serão julgados. Eles dizem que
os cristãos não precisam de julgamento, e não passarão pelo tribunal porque
eles já estão justificados. Esses teólogos sem teologia baseiam o seu argumento
em João 3:18: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado.” Mas
o que acontece é que eles estão baseando a sua doutrina no equívoco de uma
tradução.
A
palavra grega original é “krino”, que significa “julgar”, mas também significa
“condenar, punir”. A versão Corrigida diz: “Quem crê nele, não é condenado”,
corretamente. De fato, quem crê em Cristo não será condenado, como afirmou
Paulo: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus.” (Rm 8:1). Portanto, os cristãos não serão condenados, mas serão
julgados. Entretanto, ao invés de temer o julgamento, eles, como Davi, querem
apressar a Deus para que os julgue e vindique a sua causa contra os seus
inimigos opressores. Disse Davi: “Julga-me, Senhor!”
(2)
Qual era o critério de Davi? Ele mesmo diz, v. 8: “segundo a minha retidão e
segundo a integridade que há em mim.” Davi queria ser julgado pela sua retidão
e integridade. Mas como pode Davi se dirigir a Deus e apresentar a sua justiça?
Não é estranho que Lhe apresentasse esse critério e esta condição, quando se
esperava dele que se humilhasse e confessasse a sua culpa? Ele disse no Salmo
40:12: “Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniqüidades me
alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos
de minha cabeça.”
Como
poderia ele apresentar alguma justiça diante de Deus? A pergunta é correta, mas
está fora de contexto. Davi apresentava a correção de sua vida com relação às
coisas de que o julgavam e ele sabia com toda a certeza que não tinha praticado
aquilo de que o acusavam. Este era um caso específico em que um homem justo
estava sendo condenado e acusado injustamente.
(3)
Qual é o grande desafio de hoje? Integridade. Davi tinha um caráter íntegro, e
os cristãos também a possuem. Prega-se em nosso tempo muito sobre os pecados
dos cristãos, mas pouco, ou quase nada, sobre a integridade deles. Os cristãos
sinceros são íntegros. Vemos em nosso mundo pessoas que mentem, roubam,
adulteram e matam com muita tranquilidade. Os cristãos revelam a sua
integridade nas circunstâncias mais difíceis, nos momentos mais dramáticos de
sua vida. Eles não mentem como é comum em nossa sociedade. Eles não se
aproveitam das horas em que o seu patrão está fora de sua vista. Eles são fiéis
à sua esposa. Não entram em confusão e respeitam as pessoas, e não são vistos
em brigas com os outros. Eles sabem amar e são pessoas em quem se pode confiar.
3
– O Julgamento será vindicatório. V. 9: “Cesse a malícia dos ímpios, mas
estabelece tu o justo!” Os justos serão vindicados, justificados, defendidos
perante todos, e então, eles serão estabelecidos e os ímpios derrotados, e
cessarão a sua malícia. Os falsos acusadores saberão que suas mentiras serão
expostas diante de todo o Universo. E eles ficarão sem poder dizer nada para se
justificar. Será uma situação terrível e embaraçosa. Então, o mal cessará; o
pecado não se levantará pela segunda vez. Então, os justos serão estabelecidos
para sempre num reino eterno. E Deus será glorificado!
4
– O Julgamento será justo. Por 2 razões, claras nos v. 9b-11:
(1)
Deus tem o poder. Deus é onisciente: “Sondas a mente e o coração!” (v. 9).
Deus é tão sábio que pode penetrar até na mente do homem e nada escapa ao seu
olhar penetrante e perscrutador. Ele é capaz de ler os pensamentos da mente e
perceber os sentimentos e afeições do coração. Ele é sábio demais para errar, e
vê o coração além das aparências. Ele não julga pelo exterior, mas vê o coração
de cada um, e julga pela reta justiça. Se é assim, Ele tem o poder para fazer
justiça.
(2)
Deus tem o caráter. Deus não somente tem o poder para fazer justiça, como
também tem o caráter justo; Ele é chamado de “justo Juiz” (v.11). “Deus é o meu
escudo; Ele salva os retos de coração.” Davi confia em Deus como o seu Escudo
porque tem certeza de que Deus o salvará de seus inimigos que desejavam a sua
morte. Mas o Senhor é o “justo Juiz”, e, portanto, Ele faz distinção entre
pessoas, salvando “os retos de coração” e demonstrando a Sua indignação e ira
contra os ímpios.
Mas
esta declaração do v. 10 é polêmica: “Ele salva os retos de coração”! Como
assim? Deus salva os justos? Então, temos de ser justos e retos para que Deus
nos salve? Isso não é salvação pelas obras? Como entender estas palavras? A
resposta fica por conta do contexto. Salvação aqui se refere à libertação dos
que nos oprimem e nos acusam injustamente. Davi desejava esta libertação, e por
isso confiava em Deus como o seu Refúgio (v. 1) e como o seu Escudo (v. 10),
Aquele que salva e livra os que são retos e íntegros e tem uma vida em harmonia
com os ditames da Sua Lei.
III
– CONDENAÇÃO (v. 12-16)
Agora,
o salmista apresenta a sorte dos ímpios e dos que gostam de dar um falso
testemunho a respeito do caráter íntegro dos filhos de Deus. Ele responde agora
à seguinte pergunta: Como serão os ímpios condenados?
1
– Os ímpios serão condenados por um Deus justo.V. 12-13: “Se o homem não
se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto; para
ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas.” Muitos
dizem que Deus não condena a ninguém. Mas nós encontramos outra história na
Bíblia. Deus condenou a Adão e Eva, e os expulsou do Paraíso. Deus condenou a
Sodoma e Gomorra com fogo e enxofre. De condenou a Ananias e Safira, da igreja
primitiva. Condenou a Herodes. A Sua espada está preparada e as Suas flechas
prontas contra todos os ímpios que não se converterem. Ele pode fazer isto por
ser um Deus justo que não Se compraz com o pecado e a iniquidade. Ele sempre
condena o pecado, seja em quem estiver!
Mas
estas palavras estão cheias de esperança. O salmista apresenta uma condição,
cuja recíproca também é verdadeira, segundo a qual se os homens se converterem,
o Senhor desviará deles a Sua espada e as Suas setas inflamadas, a fim de que possam
ser salvos. Mas se eles não se converterem, serão condenados porque Deus é
justo e não pode inocentar ao ímpio.
2
– Os ímpios serão condenados por seus pecados. V. 14: “Eis que o ímpio está
com dores de iniqüidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira.” Em figura, a
fertilidade para o mal é comparada ao processo de gestação e parto. No
simbolismo da poesia deste salmo, o ímpio produz o engano e a mentira
naturalmente. O pecado é a vida do ímpio. O pecado está nele por dentro e por
fora. Nos seus pensamentos, palavras e atos. O ímpio nasce no pecado, cresce no
pecado e respira no pecado. Não admira que as pessoas digam frequentemente:
“Que mal tem isso?” Entretanto, “quanto ao perverso, as suas iniqüidades o
prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22).
3
– Os ímpios serão condenados por suas próprias mãos. V. 15-16: “Abre, e aprofunda uma
cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia lhe recai sobre a cabeça, e
sobre a própria mioleira desce a sua violência.” Hamã ergueu uma forca para o
justo Mardoqueu, mas ele é que foi enforcado nela. A sua maldade e violência
lhe recaiu sobre a sua própria cabeça, porque “tudo o que o homem semear, isso
também ceifará” (Gl. 6:5). O mal traz sua própria punição contra o malfeitor. O
justo Juiz destruirá aqueles que perseguem os cristãos fazendo sua violência
cair sobre as suas próprias cabeças.
CONCLUSÃO
(v. 17)
Davi,
finalmente conclui este salmo com as palavras gloriosas: “Eu, porém, renderei
graças ao Senhor, segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor
Altíssimo.” Este é o seu grande clímax. Esta é a maior razão por que Davi tanto
procurava o julgamento divino. Este é o motivo mais impressionante por que Davi
podia ter segurança de que seria salvo: a justiça de Deus. Ele sabia que o seu
caso seria julgado a seu favor, porque Deus vê o coração sincero e amorável, e
não julga pelas aparências, e é capaz de revelar a justiça que emoldura o seu
caráter maravilhoso.
Portanto,
qual seria a atitude natural e espontânea de Davi? Gratidão e louvor. Ele rende
graças a Deus por Sua justiça e canta os seus louvores ao nome de um Deus que
tem o Seu trono soberano no Universo, como o Excelso Senhor Altíssimo.
Precisamos
ter esta experiência em nossa própria vida. Necessitamos conhecer mais da
justiça misericordiosa de Deus. E se você também está decepcionado com algumas
pessoas, se você também foi acusado injustamente, este é o momento de voltar-se
para Deus e louvar a Sua justiça imparcial e compassiva, em favor de sua
libertação. Os resultados serão logo vistos e sentidos.