Várias
passagens bíblicas e declarações de Ellen White confirmam que entre os
gentios existem pessoas sinceras que servam a Deus sem um conhecimento
explícito da revelação bíblica. Por exemplo, o apóstolo Paulo, após
asseverar que “para com Deus não há acepção de pessoas” (Rom. 2:11),
esclarece: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por
natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei
para si mesmos” (Rom. 2:14). Mesmo não dispondo da revelação escrita,
essas pessoas se demonstram obedientes às impressões do Espírito Santo
sobre a própria consciência individual.
Ellen
White aborda o mesmo assunto nas seguintes declarações: “O divino plano
de salvação é amplo bastante para abranger o mundo todo. Deus anseia por
insuflar na prostrada humanidade o fôlego da vida. E Ele não permitirá
[que] fique desapontada qualquer alma que seja sincera em seu anelo de
algo mais elevado e mais nobre que aquilo que o mundo possa oferecer.
Constantemente está Ele enviando os Seus anjos aos que, conquanto rodeados
por circunstâncias as mais desencorajadoras, oram com fé para que algum
poder mais alto que eles mesmos tome posse deles, dando-lhes libertação e
paz.” – Profetas e Reis, págs. 377 e
378.
“Aqueles
que Cristo louva no Juízo, talvez tenham conhecido pouco de teologia,
mas nutriram Seus princípios. … Há, entre os gentios, almas que servem a
Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos
humanos; todavia não perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de
Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo
que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou
o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 638.
“Onde
quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração
se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do
Santo Espírito de Deus. Nas profundezas do paganismo os homens que não
tiveram conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de
Cristo, têm sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da
própria vida. Seus atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito
Santo implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele
a simpatia contrária à sua natureza e à sua educação. A ‘luz
verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo’ (João 1:9), está-lhe
brilhando na alma; e esta luz, se atendida, lhe guiará os pés para o reino
de Deus.” – Parábolas de Jesus, pág.385.
Algumas
pessoas poderiam ser tentadas a imaginar que, se “o divino plano
de salvação é amplo bastante para abranger o mundo todo” (inclusive os
gentios), então não haveria mais necessidade de se pregar o evangelho,
pois as pessoas sinceras seriam salvas independentemente de conhecerem ou
não o plano da redenção. Mas essa suposição não é aceitável, uma vez que a
ignorância da verdade é contrária aos propósitos divinos, e a proclamação
do evangelho não se restringe apenas àqueles que já são sinceros.
Vários
textos bíblicos enfatizam a necessidade de se conhecer e proclamar a
verdade bíblica a todos os seres humanos. Por exemplo, Mateus 4:4 (cf.
Deut. 8:3) assevera que “não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra
que procede da boca de Deus”. Por sua vez, João 16:13 acrescenta que a
obra do “Espírito da verdade” é guiar os seguidores de Cristo “a toda a
verdade”, definida como a pessoa de Cristo (João 14:6) e a palavra de Deus
(João 17:17).
Conseqüentemente,
o mesmo Espírito da verdade também capacita os genuínos cristãos a
ensinarem os novos “discípulos de todas as nações” a “guardar todas as
coisas” que Cristo ordenou (Mat. 28:18-20).
A
promessa bíblica é que finalmente “a terra se encherá do conhecimento da glória
do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hab. 2:14; ver também Isa. 11:9;
Efés. 4:11-14). Enquanto essa plenitude de conhecimento não for atingida,
Deus continuará usando instrumentalidades humanas imbuídas pelo poder do
Seu Espírito na missão de compartilhar o evangelho a toda criatura sobre a
face da Terra. O Espírito Santo, cuja missão é convencer “o mundo do
pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8), atua mesmo na consciência
daqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir as boas-novas da salvação
em Cristo. Os que vivem em conformidade com a luz da verdade a que
tiveram acesso, ainda que esse conhecimento seja incipiente, não serão
desapontados. Eles serão súditos do reino eterno.
Texto
de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista do Ancião (julho –
setembro de 2004).
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