O capítulo
seguinte, do precioso livro “Manual Bíblico de Henry H. Halley”, páginas 22 e
23, relacionado com inspiração e revelação, será transcrito, por sua utilidade.
Sem levar em
conta qualquer teoria sobre a inspiração da Bíblia, ou qualquer idéia sobre
como foi que seus livros chegaram à sua forma atual, ou até onde o texto
bíblico sofreu às mãos de redatores e copistas, ao ser transmitido,
abstraindo-nos da questão de saber o quanto é que se deve interpretar ao pé da
letra e o quanto é que se deve aceitar como tendo sentido figurado, ou qual
parte da Bíblia é história, e qual é poesia; se simplesmente admitirmos que a
Bíblia é exatamente aquilo que se apresenta ser, se estudarmos seus livros para
lhes conhecer o conteúdo, acharemos nela uma unidade de pensamento a indicar
que uma Mente única inspirou a escrita e a compilação de toda a série dos seus
livros, que ela traz em si o sinete do seu Autor, que, é, em sentido único e
distintivo, A PALAVRA DE DEUS.
Há uma opinião
moderna, sustentada mesmo em larga escala em certos círculos intelectuais, de
que a Bíblia é uma espécie de história secular do esforço do homem por
encontrar a Deus: um registro da sua experiência no esforço por alcançá-lO,
melhorando gradativamente suas idéias a respeito da Divindade, baseado nas
experiências das gerações precedentes. Naquelas passagens, tão abundantes na
Bíblia, onde se diz que Deus falou, de acordo com esta opinião Deus não falou
realmente, mas os homens expressaram suas idéias em linguagem que diziam ser a
linguagem de Deus, quando na realidade isso era apenas o que imaginavam a
respeito de Deus. A Bíblia, por essa forma, seria nivelada aos outros livros;
apresentam-na, não como Livro divino, mas como obra humana, fingindo ser obra
de Deus.
Rejeitamos de
todo essa idéia e com repugnância. Cremos que a Bíblia é, não o relato do homem
sobre seus esforços por encontrar a Deus, porém a narração do esforço de Deus
por Se revelar ao homem: é o registro do próprio Deus, quanto ao Seu trato com
os homens, na revelação que de Si mesmo fez à raça humana; é a vontade revelada
do Criador do homem, transmitida ao homem pelo próprio Criador, para lhe servir
de instrução e direção nos caminhos da vida.
Os livros da
Bíblia foram compostos por autores humanos; nem se sabendo quais foram alguns
deles. Tampouco se conhece como foi exatamente que Deus dirigiu esses autores
no ato de escrever. Contudo, afirma-se que Deus os dirigiu; e os livros da
Bíblia forçosamente são exatamente o que Deus quis que fossem.
Há uma diferença
entre a Bíblia e todos os outros livros. Os escritores em geral podem orar a
Deus que os ajude, e dirija, e Deus realmente os ajuda e dirige. Há no mundo
muitos livros bons, a cujos autores, sem dúvida, Deus ajudou a escrever. Mas
ainda assim, os autores mais piedosos dificilmente teriam a presunção de alegar
que Deus escreveu seus livros. Pois essa autoria divina é atribuída à Bíblia.
Deus mesmo supervisionou, dirigiu e ditou a escrita dos seus livros, tendo sob
seu completo controle os autores humanos, e de tal modo que a redação é de
Deus. A Bíblia é a PALAVRA DE DEUS num sentido em que nenhum outro livro no
mundo a pode ser.
Pode acontecer
que algumas expressões bíblicas sejam “formas antigas de exprimir pensamentos”,
para transmitir idéias que hoje expressaríamos de outro modo, porque foram
vazadas em linguagem de tempos remotos. Mas ainda assim, a Bíblia encerra em si
precisamente aquilo que Deus quer que a humanidade saiba, na forma exata pela
qual Ele quer que nós o conheçamos. E até ao fim dos tempos o precioso velho
Livro será a única resposta às indagações da humanidade na sua busca de Deus.
A Bíblia,
composta por muitos autores, através de muitos séculos, sendo, contudo, UM
LIVRO só, é, em si mesmo, o milagre proeminente dos séculos, que traz em relevo
sua própria evidência de ser de origem sobre-humana.
TODA PESSOA
deve amar a Bíblia. Toda gente deve lê-la assiduamente. Todos devem esforçar-se
por viver seus ensinos. A Bíblia precisa ocupar o centro da vida e da atuação
de cada igreja, e de cada púlpito.
O ÚNICO MISTER
DO PÚLPITO É O ENSINO SIMPLES E EXPOSITIVO DA PALAVRA DE DEUS.
A BÍBLIA
“Este livro
contém a mente de Deus, o estado espiritual do homem, o caminho da salvação, a
condenação dos pecadores e a felicidade dos crentes. As suas doutrinas são
santas, os seus preceitos são obrigatórios, as suas histórias são verídicas, as
suas decisões são imutáveis. Lede-o porque ele apresenta a Cristo, o meio para
alcançar a salvação, e praticai os seus ensinos para alcançar a santificação
pela fé. Ele contém a luz para vos dirigir, o alimento para vos sustentar, e o
conforto para vos alegrar. Ele é o mapa do viajante, o cajado do peregrino, a
bússola do piloto, a espada do soldado e a Carta Magna do cristão. Nele o
paraíso é restaurado, os céus abertos e as portas do inferno são desmascaradas.
Cristo é o seu único assunto; o nosso bem, o seu desígnio; e a glória de Deus o
seu fim. Ele deve encher a memória, reinar no coração, e guiar os pés. Lede-o
freqüentemente, pausadamente e devocionalmente. Ele é uma mina de riqueza, um
paraíso de glória e um rio de gozo. É-nos oferecido na presente vida, será o
código de lei do Juízo Final e o único a permanecer na biblioteca da
eternidade. Ele envolve a mais alta responsabilidade, galardoa o maior labor e condena
os que tratam frivolamente o seu sagrado conteúdo.”
Texto de Pedro
Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 6.
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