Alguém já disse que é mais
fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. De forma geral, podemos dizer
que pornografia é a representação da nudez e do comportamento sexual humano com
o objetivo de produzir excitamento sexual. Esta representação é feita através
de imagens animadas (filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos
escritos ou falados. A pornografia explora o sexo, tratando os seres humanos
como coisas e, em particular, as mulheres como objetos sexuais.
A palavra
pornografia vem do grego e significa literalmente “escrever sobre prostituta”.
Com o tempo, passou a referir-se a qualquer material, escrito ou gráfico, de
conteúdo sexual. O termo é usado hoje de forma negativa. A indústria
pornográfica que produz filmes, revistas, vídeos e sites na Internet, prefere
usar outros termos, como “material adulto”. Esta manobra é um eufemismo que
visa retirar deste sórdido comércio a pecha negativa que ele possui.
É importante, porém, fazer
uma distinção entre erotismo e pornografia. Existe um erotismo saudável, que
consiste na exploração da sexualidade dentro do casamento. O livro de
Provérbios nos traz um exemplo disto:
“Bebe a água da tua própria
cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes,
e, pelas praças, os ribeiros de águas? Sejam para ti somente e não para os
estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da
tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em
todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu,
andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra?” (Pv 5.15-20)
Ou ainda, o livro de
Cantares de Salomão:
“Beija-me com os beijos de
tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho” (Ct 1.2).
“Que belo é o teu amor, ó
minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma
dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva
minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância
dos teus vestidos é como a do Líbano” (Ct 4.10-11).
“Os teus beijos são como o
bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre
seus lábios e dentes. Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. Vem, ó
meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos cedo
de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor,
se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor” (Ct 7.9-12).
Estas passagens mostram que
o Senhor nos criou com sexualidade e que a mesma pode ser explorada e
desfrutada dentro do ambiente do casamento. A pornografia é diferente, pois
visa o excitamento sexual através da exibição de imagens explícitas de sexo,
nudez e órgãos sexuais sem fazer qualquer distinção moral ou levar em conta
adultério, prostituição, lesbianismo, além de formas pervertidas de relações
sexuais.
Breve Histórico da Pornografia
A representação gráfica da
nudez humana, bem como das relações sexuais, é algo bem antigo na história do
homem. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos
cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra
por volta de 1.300 anos antes de Cristo (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de
órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de
pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos
genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da
prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente
diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas
estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a Queda
(Gn 2.25; 3.7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os
órgãos genitais (Ex 28.42-43), a ponto de existir uma determinação na lei de
Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do
altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Ex 20.26).
Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria
Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos
como “nudez” (Lv 18), “pele nua” (Ex 28.42), “membro viril” (Dt 23.1), “entre
os pés” (Dt 28.57) e “parte indecorosa” (1Co 12.23), só para citar alguns
exemplos.
Os gregos antigos usavam
temas pornográficos em canções empregadas nos festivais em honra ao deus
Dionísio, séculos antes de Cristo. Nas ruínas romanas de Pompéia, destruída na
erupção do Vesúvio em 79 d.C., há pinturas pornográficas nas paredes de algumas
edificações representando órgãos sexuais masculinos e propaganda de serviços de
prostituição.
A pornografia também era
usada em algumas culturas orientais antigas como Índia, Japão e China. Bastante
antiga e amplamente divulgada é a obra Kama Sutra, escrita na Índia por volta
do ano 2500 a.C., um manual contendo gravuras das mais grotescas formas de
relação sexual. Na Europa medieval, o Decamerão (1353) do italiano Giovanni
Boccaccio, obra abertamente pornográfica, tinha grande circulação.
Com o advento da mídia
eletrônica em décadas recentes, a pornografia passou a ser um problema social
de grandes proporções. O cinema, a televisão, o vídeo e a TV a cabo se tornaram
canais poderosos pelos quais todos os tipos de pornografia se tornaram amplamente
disponíveis ao grande público. A partir daí a indústria pornográfica cresceu de
forma massiva, pois as pessoas passaram a consumir pornografia em suas próprias
casas, sem precisar ir ao cinema ou à banca de revistas. Surgiram também jogos
pornográficos de computador. E mais tarde, com o advento da Internet, a
disponibilidade e a facilidade de acesso à pornografia multiplicou-se de forma
inimaginável. Devido ao acesso internacional e ao custo zero de copiar e baixar
imagens na Internet, a cyber-pornografia tornou-se a forma mais popular de
pornografia hoje.
Os Diversos Tipos de Pornografia
Os estudiosos do assunto,
bem como os legisladores, fazem geralmente uma distinção entre diferentes tipos
de pornografia, para fins de estudo e compreensão:
1. Softcore – Refere-se a
material pornográfico que apresenta imagens de nudez e cenas que apenas sugerem
a relação sexual.
2. Hardcore – Contém
representação explícita dos órgãos genitais em cópula e de relações sexuais de
toda a sorte.
3. Snuff – Fala-se ainda de
vídeos snuff, onde pessoas praticam atos sexuais e depois são assassinadas.
Entretanto, não se conhece nenhum exemplar destes vídeos que tenha sido
distribuído comercialmente.
4. Pornografia infantil – É
a representação, sob qualquer forma, de criança em ato sexual implícito ou
explícito, simulado ou real, ou qualquer representação dos órgãos sexuais da
criança para fins sexuais.
5. Erótica – Algumas
feministas fazem uma distinção entre pornografia, que é a sujeição e degradação
sexual da mulher através de imagens que representam o homem dominando e
humilhando a mulher sexualmente, e a erótica, que é a representação sexual de
homem e mulher em posição de igualdade e respeito mútuo.
Estas distinções podem nos
ajudar a entender melhor o assunto e a perceber como diferentes pessoas
entendem a pornografia. Entretanto, todas as diferentes formas de pornografia
têm em comum a exposição pública da nudez e das relações sexuais humanas, com
vistas ao despertamento sexual indiscriminado. Por este motivo, os cristãos não
devem se deixar iludir por estas distinções, como se alguma forma de
pornografia fosse menos errada do que outras.
A Situação Legal da Pornografia em
Alguns Países
A pornografia é uma das
formas mais polêmicas de expressão. As sociedades vêm debatendo há muito se
material pornográfico deveria ser censurado e como fazer a distinção entre
nudez artística e pornografia. No ocidente, onde a liberdade de expressão é uma
marca distintiva das democracias, o assunto tem se tornado ainda mais agudo.
Além disto, discute-se a realidade das conseqüências sociais e psicológicas da
pornografia.
A situação legal da
pornografia depende do país. A pornografia infantil é considerada ilegal na
totalidade dos países. A legislação brasileira define pornografia infantil como
sendo “cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente”. A pena de reclusão é de um a quatro anos para a produção e
publicação da pornografia infantil.
Entretanto, a maioria dos
países permite a comercialização e a distribuição de alguma forma de
pornografia. No Brasil, bem como na maioria dos países, a pornografia softcore
é geralmente permitida nas bancas de revista, videotecas, televisão e cinemas.
A hardcore é permitida da mesma forma, mas com algumas restrições, como por exemplo,
uma capa de plástico com tarjeta preta para as revistas hardcore. A maioria dos
países tenta restringir o acesso de menores à pornografia hardcore, permitindo
a sua comercialização somente em seções “adultas” de videotecas, livrarias e em
TV a cabo. Entretanto, estes esforços têm se mostrado ineficazes para
restringir o acesso da população em geral às formas de pornografia consideradas
mais danosas, por causa da grande disponibilidade deste material na Internet e,
obviamente, pela inclinação do coração humano a toda sorte de obscenidade.
A maioria dos países
ocidentais tem restrições à pornografia que envolva violência e bestialismo
(sexo com animais). A Holanda e a Suécia, entretanto, permitem a venda deste
material abertamente nos sex-shops e após os 15 anos de idade, os jovens podem
assistir filmes pornográficos de qualquer tipo. Na Grã-Bretanha, a pornografia
hardcore continua sendo ilegal, embora tolerada. No Japão, até recentemente, a
exibição dos órgãos genitais era proibido, e a softcore permitida.
Pode parecer, pelas
diferentes atitudes dos países, que os aspectos morais relacionados com o
consumo da pornografia seja uma questão cultural. Entretanto, não são apenas
questões culturais que levam esses países a restringir ou permitir a
pornografia. Questões financeiras e econômicas influenciam os governos. A
pornografia é uma grande indústria que gera milhões de dólares anuais em
impostos. A venda de material pornográfico em sex-shops – que inclui vídeos e
acessórios encomendados pela Internet – representa uma boa porcentagem do
dinheiro movimentado pelo e-commerce (comércio pela Internet). E estes números
estão aumentando com a crescente enxurrada de obscenidade no mundo.
O Crescimento da Pornografia no
Mundo
Uma estatística de 1995
revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é
difícil imaginar que a situação no Brasil não é muito diferente. Um país
antigamente fechado, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material
pornográfico em seus limites após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas
fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de
cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos
pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as
locadoras reservem cada vez mais espaço nas prateleiras para vídeos pornôs.
Segundo uma pesquisa em 1992, um em cada quatro brasileiros assistiu a um filme
de sexo explícito. O mesmo fizeram 13% das mulheres entrevistadas. Em 1995 esse
número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres.
Recentes estatísticas mostram o crescimento destes números.
Diversos acontecimentos
recentes ao redor do mundo indicam o avanço contínuo da pornografia. O mundo
está sendo inundado com uma enxurrada de imundícia. Vejamos alguns destes
indícios.
1) Os governos aumentam
cada vez mais a legalidade da pornografia – Um exemplo é que em abril de 2002
o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a Lei da Prevenção da Pornografia
Infantil que havia sido promulgada pelo Congresso em 1966. O argumento usado
pelo Supremo Tribunal foi que a liberdade de expressão estava sendo suprimida.
A decisão reflete a tendência cada vez maior para a legalização de todas as formas
de pornografia.
2) As estatísticas mais
recentes mostram o crescimento vertiginoso da indústria pornográfica – Segundo
estudos publicados em maio de 2002, há mais de 400.000 sites pornográficos na
Internet em todo o mundo, e cerca de 70 milhões de pessoas visitam ao menos um
site pornográfico por semana.
Este crescimento é atestado
por outras estatísticas. Em 2002, o Observatório para a Publicidade do
Instituto da Mulher, em Paris, recebeu 710 denúncias contra mensagens sexistas,
o dobro das denúncias recebidas em 2000. 80% destas denúncias tinham a ver com
a exploração do corpo feminino em propaganda de produtos. Neste mesmo ano, em
Bruxelas, a ONU publicou relatório denunciando que milhões de pessoas em todo o
mundo – a metade sendo de crianças e uma outra grande parte de jovens mulheres
– são exploradas sexualmente, o que obviamente se refere não somente à
prostituição, mas à pornografia. Ainda em outubro de 2002, em Barcelona, a
Feira Internacional do Cine Erótico exibiu ao vivo relações sexuais pervertidas
aos participantes da Feira.
3) O fracasso das
estratégias governamentais em conter o avanço da imoralidade – Conforme estudo
do Jornal Médico Britânico publicado na Inglaterra em 2002, as campanhas
governamentais de prevenção da gravidez de adolescentes estavam fracassando
redondamente. A famosa rádio BBC de Londres veiculou em 2002 que o governo
inglês estava preocupado por não conseguir conter a enxurrada de material
pornográfico que atinge diariamente os adolescentes ingleses pela Internet. De
cada dez mensagens que recebem, uma delas é pornográfica ou remete a algum site
pornográfico. A mesma frustração do governo inglês certamente se sente nos
governos de outros países.
4) A constatação de danos
cada vez maiores causados pela pornografia – Continuamente surgem relatórios de
diversos quadrantes mostrando novos danos causados pela pornografia. Por
exemplo, os estudos do professor Richard Drake da Universidade Brigham Young
nos Estados Unidos, indicam que a pornografia pode ter efeitos na mente similares
ao da cocaína, produzindo dependência e distúrbios mentais.
Em Paris, numa reunião com
mais de 1700 psicanalistas de 31 paises para tratar de novas formas de
neuroses, destacou-se o fato de que cresce cada vez mais o número de pessoas
viciadas em sexo, um problema que foi considerado como uma enfermidade
psicológica, cujas conseqüências são a ruína econômica, problemas no casamento
e em relações, problemas no trabalho, ansiedade e depressão.
Todas estas evidências
apontam para uma avalanche da imoralidade em todo o mundo, da qual a
pornografia é o carro chefe. Além dos evidentes problemas espirituais que a
pornografia causa, também contribui largamente para o crescimento da violência
em todo o mundo.
Não são poucos os
relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita
relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e
exploração infantil nos países “civilizados”. Vários dos temas mais comuns em
pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres,
geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de
degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a
mulher diz “não” na verdade está dizendo “sim”, e que se o estuprador insistir,
ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência
contra a mulher é exposta como algo válido e normal. Estudos de especialistas
mostram que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e
adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material
pornográfico. Só nos Estados Unidos, o número conhecido de estupros pela
polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, o que corresponde ao aumento da
popularidade do material pornográfico e da facilidade para ser encontrado.
Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas
pornográficas que assistiam regularmente.
Movimentos Anti-Pornografia
O crescimento vertiginoso
da disponibilidade da pornografia e os seus efeitos tem levantado reações no
mundo todo. As críticas e ataques à indústria pornográfica e aos seus
consumidores vêm geralmente de religiosos conservadores e do movimento
feminista. Evangélicos e católicos têm atacado fortemente a indústria da
pornografia, especialmente nos países onde o cristianismo conservador exerce
alguma força política. Os argumentos usados pelos religiosos contra a
pornografia é que a mesma é imoral, que o sexo é reservado para o casamento e
que a pornografia aumenta o comportamento imoral e a violência da sociedade.
No Brasil há esforços
isolados por parte dos evangélicos, já que não têm um representante nacional.
Por exemplo, o deputado evangélico Pastor Daniel Marins lançou na Assembléia
Legislativa de São Paulo, em 2001, um projeto de lei que proíbe a exposição de
modelos, masculinos ou femininos, despidos ou seminus em placas publicitárias
instaladas em vias públicas. Segundo o Pastor Daniel, o projeto é resultado da
luta do povo evangélico contra a propaganda aberta e explícita de revistas,
produtos e sites na Internet destinados à exploração comercial da nudez e da
pornografia, e foi elaborado em conjunto com líderes de diversas denominações,
comunidades e associações evangélicas de todo o Estado de São Paulo.
O outro ataque à
pornografia vem de uma ala do movimento feminista que a considera como parte da
agenda machista, que degrada a mulher e induz à violência contra ela. Esta ala
do movimento feminista é contra a pornografia, não por valores morais ou
convicções cristãs, mas porque a considera como essencialmente machista, já que
são os homens que mais a consomem e são as mulheres as que mais são exploradas
e humilhadas nesta indústria. Estas feministas não representam, porém, a
totalidade do movimento, onde existem outras feministas que defendem a
pornografia.
Existem ainda movimentos
isolados, dirigidos por indivíduos ou organizações não governamentais. Um
exemplo é Linda Boreman, ex-atriz pornô, que usava o nome de Linda Lovelace.
Após abandonar a carreira de estrela pornô, passou a atacar a indústria
pornográfica por causa da exploração das mulheres. Outro exemplo é o grupo
“Guerreiros Independentes contra a Pornografia Infantil”, que se dedica a caçar
consumidores e divulgadores da pornografia infantil pela Internet. Existem
várias outras organizações sem fins lucrativos batalhando nessa cruzada. Uma
delas, chamada de “Exército Cibernético de Caçadores de Pedófilos”, tem mais de
10 mil membros cadastrados enviando dicas à polícia. Esses grupos são compostos
por Internautas que dedicam seu tempo livre procurando manter contato com
consumidores de pornografia infantil pela Internet, para afinal entregá-los à
polícia.
Muito embora os ataques à
pornografia venham em grande parte dos círculos evangélicos, é uma triste
realidade que a pornografia tem suas vítimas também dentro das igrejas
evangélicas, como veremos a seguir.
Evangélicos “voyeurs”?
Voyeur é termo usado para
descrever aqueles que têm prazer sexual observando outras pessoas nuas ou
praticando relações sexuais. O voyeur não interage diretamente com o objeto do
seu prazer, mas reage a ele através da masturbação. Este é o nome que se dá
geralmente ao consumidor secreto de pornografia. É uma boa descrição para
cristãos viciados em pornografia.
Há boas razões para
acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil viciados em pornografia é
preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 40% dos
evangélicos estão afetados. Há quem ache que este número é bem maior.
Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a
mesma ou até maior que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica
brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã
americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas
evangélicas brasileiras contra a pornografia como acontece nos Estados Unidos,
não é exagerado dizer que provavelmente cerca de 50% dos homens evangélicos no
Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda
conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais
horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas
mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo
brechas por onde a pornografia penetra e se enraíza.
Mais preocupante ainda é a
probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens adolescentes
evangélicos. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas
revelou que 10% dos adolescentes haviam aprendido o que sabiam sobre sexo em
revistas pornográficas. 42% deles disseram que nunca aprenderam qualquer coisa
sobre o assunto através de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a
um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que
conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e
pais em estado de alerta!
Aqui no Brasil, segundo
pesquisa da revista Eclésia em setembro de 2002, feita entre jovens evangélicos
de 22 denominações, 52% deles já praticaram sexo pré-marital. Destes, cerca da
metade mantêm uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em
que perderam a virgindade é de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as
moças, o que coloca as igrejas evangélicas cada vez mais próximas dos padrões
mundanos. Um detalhe: estes jovens foram todos criados nas igrejas! Infere-se
que em comunidades evangélicas onde as noções de moralidade são tão mundanas
quanto as dos incrédulos, não é para duvidar que o consumo de pornografia seja
corrente, aceitável e tolerado.
É preciso ainda notar que
não são somente os homens que consomem pornografia. Mulheres cristãs também
incorrem neste hábito, embora certamente numa proporção menor. Uma evangélica
que se identifica como “Solitária” dá o seguinte depoimento num site
evangélico: “Tenho 30 anos de idade e nunca consegui casar. Pensei que tinha
direito de ser sexualmente feliz, mesmo que o Senhor não tenha me dado um
marido. Isto me levou a uma longa e profunda batalha com a masturbação e a
pornografia na Internet. No ano passado, quebrantei-me após ouvir um sermão
sobre pureza sexual em minha igreja. Após isto, comecei um curso de 60 dias
baseado em leituras da Bíblia e acompanhamento de um mentor. Finalmente me vi
livre. Também coloquei um filtro contra a pornografia em meu computador.”
Escândalos envolvendo
líderes evangélicos revelam abertamente uma outra face do problema. Há pastores
evangélicos que também são viciados em pornografia. Por causa do receio de
serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores preferem
optam por consumir pornografia como voyeurs do que praticar o adultério de
fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática.
Uma mulher escreve num site
evangélico: “Sou divorciada, mãe de três adolescentes. Fui casada por dez anos,
até que meu marido, pastor, teve um caso extra-marital. Ele era viciado em
pornografia desde os doze anos de idade e lutou contra isto por muitos anos.”
Há diversos artigos sobre
pornografia publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento
pastoral abertamente dirigidos a pastores viciados em pornografia, visando
ajudá-los. Uma destas revistas, Leadership, realizou uma pesquisa entre
pastores de diversas denominações evangélicas e chegou a conclusões terríveis:
a cada dez pastores, quatro já haviam visitado um site pornográfico. As
seguintes perguntas e respostas compuseram a pesquisa:
Você já visitou um site pornográfico
na Internet?
57% Nunca
7% Faz mais de um ano
9% Uma vez no ano passado
21% Algumas poucas vezes no ano
6% Duas vezes ao mês ou mais
7% Faz mais de um ano
9% Uma vez no ano passado
21% Algumas poucas vezes no ano
6% Duas vezes ao mês ou mais
Em geral, segundo
Leadership, pastores que gastavam mais tempo diante da Internet eram os que
mais provavelmente visitariam sites pornográficos.
Pastores são vulneráveis à
tentação de entrar num site pornográfico como qualquer outra pessoa. No caso
deles, talvez sejam ainda mais vulneráveis. O isolamento e a solidão geralmente
acompanham o ministério pastoral. Além disto, muitos pastores negligenciam seus
casamentos dedicando-se por demais às demandas do ministério.
Alguns pastores podem cair
nesta armadilha satânica simplesmente por curiosidade em saber o que membros da
sua igreja estão consumindo na Internet e acabam sendo atraídos e enlaçados
pelo poder da pornografia. Além do mais, líderes que jamais ousariam entrar
numa videoteca para adquirir um vídeo pornográfico, no segredo e intimidade de
seus lares e escritórios acabam cedendo às facilidades da cyber-pornografia,
que é acessível, barata e anônima. As igrejas devem orar por seus pastores e
líderes para que sejam livres de toda tentação.
Análise Crítica dos Argumentos em
Favor da Pornografia
Existem diferentes
argumentos usados para defender o consumo livre da pornografia. Analisemos
alguns deles.
1) A pornografia como arte
– Os defensores deste ponto de vista argumentam que a maldade está na mente dos
que vêem material pornográfico. Em si, defendem eles, a pornografia
simplesmente explora a beleza natural da nudez humana e das relações sexuais, e
deveria ser vista como arte. Os que sustentam este ponto insistem que a nudez é
inofensiva e também uma forma de arte. Entretanto, este argumento erra ao
deixar de reconhecer que a indústria pornográfica produz bastante material
sexualmente explícito onde a mulher é degradada e humilhada, onde o foco são os
órgãos genitais humanos, onde adolescentes são violentados e a sodomia e o
homossexualismo são divulgados. Se por um lado a nudez humana é bela, após a
Queda (pecado de Adão e Eva) o Criador determinou que ela fosse encoberta (Gn
3.21), pois a inocência em que esta beleza podia ser apreciada e desfrutada (Gn
2.25) foi corrompida pelo pecado (Gn 3.7-11). A nudez, como preparação para o
ato sexual, fica reservada para o casamento (cf. Levítico 18).
2) A Bíblia está muito mais
preocupada com dinheiro e materialismo do que com nudez e cobiça – De acordo
com este argumento, os cristãos conservadores são obcecados contra a
pornografia que existe nos filmes, mas esquecem que estes também divulgam muita
violência, materialismo e bruxaria. Entretanto, o argumento não é inteiramente
verdadeiro. Embora a Bíblia tenha muitas passagens contra o mal uso do
dinheiro, ela também tem muitas passagens contra a imoralidade sexual e a
impureza mental. Devemos combater ambas as coisas.
3) Não há provas
conclusivas de que a pornografia seja prejudicial – Este argumento tem sido
usado pelos defensores da pornografia em resposta a relatórios de comissões
governamentais de diversos países para analisar os efeitos sociais,
psicológicos e econômicos da pornografia. Muitas destas comissões concluíram
que existe uma relação entre o consumo da pornografia e a violência contra
mulheres e crianças, o crescimento dos índices de divórcio, de doenças venéreas
e da AIDS, de abortos e de mães solteiras. Os defensores da pornografia
argumentam, entretanto, que esta relação não pode ser provada com critérios
científicos. Porém, não são necessários critérios científicos para provar o que
é óbvio, ou seja, o papel decisivo da pornografia na escalada da imoralidade e
suas conseqüências danosas. Muito embora não se possa responsabilizar
exclusivamente a pornografia por todos os males da sociedade, ela certamente
tem contribuído para os mesmos. Ela provoca a excitação e o despertamento
sexual através de imagens que contêm cenas de nudez, sexo deturpado,
homossexualismo, lesbianismo, degradação e humilhação da mulher e de crianças,
criando nos consumidores uma inclinação para realizar na prática aquilo que
seus olhos e mentes consomem.
4) O direito de livre
expressão assegura a publicação e o consumo de material pornográfico – segundo
os defensores da pornografia, à censura é coisa de regimes autoritários. Nas
democracias modernas se assegura o direito de expressão a todos. Isto inclui,
argumentam eles, o direito de se publicar material pornográfico e o direito de
se consumir este material. Porém, os cristãos submetem suas consciências
primeiramente à Lei de Deus. Se por um lado as Escrituras reconhecem a
individualidade e a liberdade, por outro elas traçam muitos limites claros
sobre o que se pode ver e meditar e aquilo com que ocupar a mente. Por exemplo,
o Senhor Jesus proíbe que se tenha fantasia sexual olhando para uma mulher com
intenção impura (Mt 5.28; cf. Ex 20.17; 2Sm 11.2; Jó 31.1; Fp 4.8; etc). A
liberdade individual é controlada pela Lei de Deus. O crente não é livre para
ocupar sua mente com qualquer coisa que deseje o seu coração. Muito embora as
leis de um país assegurem a liberdade de expressão, para os cristãos tal
liberdade é regulada pelos princípios da Palavra de Deus.
Outro aspecto é que em nome
da liberdade de expressão os adolescentes ganham cada vez mais acesso à
pornografia. Meninos de 12 a 17 anos são os maiores consumidores de
pornografia, segundo estatísticas recentes. Por isto, a indústria pornográfica
procura viciá-los cada vez mais, para ter uma clientela segura com o passar dos
anos.
5) A pornografia pode ser
usada como terapia – Esta é uma defesa radical da pornografia apresentada
inclusive por setores feministas. De acordo com esta posição, o uso da
pornografia, que é acompanhado geralmente pela masturbação, provê uma forma de
escape sexual para aqueles que – por quaisquer motivos – não têm um parceiro
sexual, como as pessoas que estão longe de casa, pessoas que enviuvaram
recentemente, estão isoladas por causa de alguma enfermidade ou simplesmente
porque escolheram ficar sozinhas. Entretanto, o uso de pornografia e
masturbação como meio de extravasamento do impulso sexual viola os princípios
da Palavra de Deus quanto à pureza sexual e o emprego da mente e de nossa
sexualidade. Além da determinação das Escrituras para que os cristãos exerçam o
domínio próprio nestas questões, existem outras maneiras de aliviar-se o
impulso sexual, como a prática de exercícios físicos.
Também, de acordo com esta
argumentação, casais podem usar pornografia para melhorar suas relações,
assistindo juntos a vídeos eróticos, e experimentando variação em sua vida
sexual, sem ter que cometer adultério. Entretanto, do ponto de vista bíblico, o
fato de um cristão assistir com seu cônjuge a vídeos pornográficos não diminui
a imoralidade do ato. Continua sendo adultério uma pessoa casada excitar-se
sexualmente mediante as imagens de outros homens e mulheres mantendo relações
sexuais, mesmo que faça isto junto com seu cônjuge.
6) É uma forma segura de
sexo – Um outro benefício da pornografia, de acordo com grupos feministas, é
que permite que as mulheres descubram e experimentem a sexualidade sem correr o
risco de envolver-se com parceiros que as contagiem com doenças venéreas e
AIDS, engravidem ou as sujeitem a humilhações e degradação. A isto respondemos
que existem alternativas bíblicas para que as mulheres desenvolvam sua
sexualidade de forma saudável e correta sem ter que recorrer à pornografia e à
masturbação. Por exemplo, na escolha acertada de seus cônjuges e desfrutando o
sexo dentro do casamento.
Podemos perceber que os
argumentos em favor da pornografia não levam em conta qualquer questão de valor
moral. Enfocam apenas as questões sociais e psicológicas. Os cristãos,
entretanto, devem analisar esta questão e outras à luz da Palavra de Deus.
Apesar de todos os argumentos em contrário, a pornografia em todas a suas
formas continua sendo uma violação dos princípios bíblicos de pureza moral e
sexualidade saudável e correta. Infelizmente, a consciência desta realidade nem
sempre tem sido suficiente para evitar que cristãos se tornem consumidores de
pornografia.
O Que Tem de Mais em Ver
Pornografia?
Muito embora os evangélicos
em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos
estão conscientes do perigo que ela representa. Mencionamos alguns deles em
seguida:
1) Consumir deliberadamente
material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do
mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado – A indústria
pornográfica é uma grande fonte de renda para o crime organizado em todo o
mundo, juntamente com o jogo e as drogas, movimentando bilhões de dólares por
ano. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e
da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia
deveria ir para o sustento de suas famílias. Alguns podem alegar que consomem
apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse
material é produzido pela mesma indústria ilegal que comercializa a pornografia
infantil.
2) Consumir deliberadamente
material pornográfico deixa cicatrizes para o resto da vida – As imagens ficam
gravadas a fogo na mente e continuam lá para sempre, e vêm à tona com a
excitação sexual. É similar a fumantes, que mesmo tendo deixado o cigarro,
permanecem com manchas nos pulmões. É isto que testemunha um ex-viciado em
pornografia, cujo depoimento anônimo na revista Leadership chocou o mundo
evangélico: “Trago ainda hoje as cicatrizes do meu vício, apesar de já tê-lo
vencido. Há a cicatriz da ‘inocência corrompida’. A pornografia se alimenta de
nossa fascinação pelo que é proibido, e sempre estamos querendo mais. Minha
vida de fantasia sexual extrapolava em muito a minha vida sexual real no
casamento. Eu era um ‘voyeur’, experimentando sexo na solidão e isolamento,
cada vez mais me afastando da minha esposa”.
Mencionamos
abaixo outras seqüelas da pornografia:
a) Insensibilidade para com
as perversões sexuais, fazendo-as parecer cotidianas e rotineiras.
b) Comparação injusta entre
o corpo do nosso cônjuge e aquele dos modelos apresentados no material
pornográfico, provocando impotência e desinteresse sexual dentro do casamento.
c) O hábito da masturbação
que se alimenta da pornografia, sua matéria-prima.
d) Despersonificação dos
seres humanos, ao exibir seus corpos e órgãos genitais, sem que o rosto
apareça.
e) Hábito de desnudar as
pessoas com a imaginação, ou de entreter fantasias sexuais enquanto conversa
com pessoas do sexo oposto.
3) O consumo de pornografia
abate e escraviza o crente – Há muitos servos e servas de Deus que estão
vivendo um conflito: querem servir ao Senhor de todo coração, mas se vêem
escravizados à pornografia. Esta derrota tira-lhes a vontade de ir à Igreja,
ler a Bíblia e orar e de testemunhar de Cristo a outros. Sobre isto, escreve o
Pr. Jorge Luiz César Figueiredo em artigo na Internet: “Quando a prática [da
pornografia] torna-se um círculo vicioso, torna-se algo terrível. Tenho ouvido
testemunhos de jovens que lutaram muito para vencer, alguns tiveram que ser
radicais e pediram aos pais para tirar o computador do quarto. Esse quadro
também cria uma falta de compromisso com Deus; o jovem não quer compromisso,
pois não quer pagar o preço da renúncia. Se você enquadra-se nesse perfil sabe
bem do que estamos falando. O sentimento de fracasso às vezes toma conta de
você e até pensa em desistir, em largar Jesus, mas como você pertence ao Cristo
de Nazaré, não pode mais voltar atrás”.
4) Consumir deliberadamente
material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por
Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra
“pornografia” nos aponta essa realidade. Conforme já vimos, ela vem da palavra
grega pornéia. Juntamente com mais outras três palavras (pornos, pornê e
pornéuo) ela é usada no Novo Testamento para se referir à prática de relações
sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas
palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras
que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério,
incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo
Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do
coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela,
pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora
exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo,
sado-masoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de
tudo — pornografia infantil.
De Onde Procede o Desejo de Ver
Pornografia?
A pergunta que fazemos é:
de onde procede este desejo de olhar e consumir material obsceno? Encontraremos
as repostas na Bíblia, a Palavra de Deus.
Ela nos ensina que na
criação Deus fez o homem e a mulher perfeitos e sem pecado e lhes deu alguns
mandatos que deveriam ser obedecidos, mostrando-lhes que eram criaturas, apesar
de terem sido criados perfeitos, sem pecado. Os mandatos foram estes, os quais
continuam em vigor até hoje:
1. Mandato Cultural –
“Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o
cultivar e o guardar” (Gn 2.15). O homem foi colocado por Deus no jardim para
cuidar das coisas criadas.
2. Mandato Espiritual – “E
o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em
que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17). O homem foi criado para
ter comunhão com Deus. Esta comunhão estava condicionada à obediência ao que
Deus havia determinado quanto a não comer da árvore.
3. Mandato Social – “Então,
o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma
das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus
tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta,
afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa,
porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.21-24). O homem foi criado com
a capacidade de ter uma família. Este privilégio, porém, dar-se-ia dentro de
algumas regras que estavam implícitas na sua própria criação:
a) Monogâmico. O casamento
deveria ser monogâmico, isto é, entre um homem e uma mulher (“deixa o homem pai
e mãe e se une à sua mulher”, Gn 2.24).
b) Heterossexual. O
casamento deveria também ser entre pessoas de sexos diferentes.
c) Sexo. As relações
sexuais estão diretamente ligadas ao casamento. O plano de Deus foi que o sexo
fosse desfrutado dentro do ambiente seguro do casamento. Isto fica implícito na
expressão: “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois
uma só carne” (Gn 2.24).
Porém, depois da entrada do
pecado no mundo todos esses valores foram distorcidos e os mandatos divinos
para o homem foram atingidos:
Quanto ao mandato cultural,
o homem que havia sido criado por Deus para cuidar das coisas criadas,
tornou-se o próprio predador do universo. Veja como está a situação do mundo,
da natureza, dos rios, dos mares! Estão todos sendo degenerados por causa do
pecado do homem, por causa do próprio homem. O mandato espiritual foi
igualmente atingido. O homem foi criado por Deus para ser obediente à sua
vontade. Entretanto, hoje ele anda fazendo a vontade do mundo, do diabo e da
carne (Ef. 2.1-3). O mesmo pode-se dizer do mandato social. O homem foi criado
para ser monogâmico, heterossexual e conhecer a sua esposa sexualmente somente
no casamento. Seguindo o que ocorreu com os dois primeiros mandatos de Deus
depois da Queda, o mandato social foi duramente atingido pelo pecado. O homem
começou a casar-se com mais de uma mulher e a cometer adultério. O apóstolo
Paulo condena essa atitude: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de
Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de
meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta
forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”
(1Co 6.16).
Depois do pecado, o homem é
escravo do pecado de tal forma que as suas paixões e desejos são contrários à
vontade de Deus, pois são carnais (Gn 6.1-3). Longe de Deus e da sua vontade, o
homem cada vez mais se afasta das verdades de Deus e se entrega aos desejos do
seu coração.
Deus na sua sabedoria criou
o casamento para ser fonte de procriação (Gn 1.28), de companheirismo (Gn 2.18)
e de prazer (1Co 7.4-5), indicando desta maneira que o sexo não foi criado para
ser fonte de prazer sem compromisso. No entanto, por causa do pecado, o homem
tornou-se amante dos prazeres (2Tm 3.4), vivendo a vida para a sua própria
satisfação. O descumprimento do mandato social e sua degeneração por causa do
coração do homem têm levado à prática de toda sorte de imoralidades (adultério,
homossexualismo e toda sorte de bestialidades).
Portanto, a culpa primária
pela difusão e consumo da pornografia não é da televisão nem das revistas do
gênero, mas de um coração morto nos seus delitos e pecados. “Porque do coração
procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.19). Claramente Deus afirma na sua Palavra que
os que praticam tais coisas não herdarão o reino dos céus: “… prostituição,
impureza, lascívia… a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos
preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl
5.19-21).
A pornografia utiliza a
criação de Deus, que é o próprio ser humano, para se levantar contra Deus de
tal forma que os seus membros são usados para a iniqüidade. A Bíblia, entretanto,
nos convoca a oferecermos nossos membros ao serviço de Deus: “nem ofereçais
cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6.13).
Como Evitar e Libertar-se da
Pornografia?
Não precisaremos de
argumentos sociais, médicos e psicológicos para justificar a necessidade de
evitarmos e nos libertarmos da pornografia tais como AIDS, destruição familiar,
vício, desvio financeiro para esse fim, a falta de segurança e higiene nos
locais destinados a esse fim, entre muitos outros. Acreditamos que as razões
bíblicas nos são suficientes para dizermos não, mesmo que tenhamos de lutar
contra a nossa própria vontade e nosso próprio coração. “Aquele que quer vir
após mim, a si mesmo se negue…” são as palavras de Cristo para a nossa
reflexão.
Uma vez que entendemos que
a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona para o mal (Rm 3.10-12), temos que
buscar meios pelos quais possamos não sucumbir às muitas tentações que nos
sobrevirão, cientes de que “não nos vem tentação que não seja humana, mas Deus
é fiel e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças; pelo
contrário, juntamente com a tentação nos proverá também o livramento, de sorte
que podemos suportar” (1Co 10.13); e ainda: “naquilo que ele mesmo (Cristo)
sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb
2.18).
Tais promessas de Deus são
como lenitivo para a alma. Mesmo que o salário do pecado seja a morte, “o dom
gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
Confiados nessas verdades ficamos fortalecidos para lutar contra as nossas
concupiscências e fazer a vontade de Deus, pois “Ele é poderoso para nos guardar
de tropeços e para nos apresentar com exultação, imaculados, diante da Sua
glória” (Jd 24).
Gostaríamos, portanto, de
oferecer aos nossos leitores algumas sugestões de como podemos evitar o mal que
chamamos de pornografia:
1. Ter cuidado com o
legalismo. Paulo escrevendo aos Colossenses diz que as doutrinas dos homens
como: “não manuseies isso ou não toques naquilo… não terão valor nenhum contra
a sensualidade” (Cl 2.21-23). A mera letra não nos fará fugir da tentação, se não
for acompanhada de uma disposição muito forte do nosso coração de abandonarmos
o prazer que a pornografia porventura nos proporcione.
2. Evitar lugares que
inspirem sensualidade. Uma vez livres do legalismo, cada homem ou mulher deve
conhecer suas limitações e jamais provar seus limites. Temos que deixar morrer
a nossa natureza terrena (Cl 3.5-8). Aqui cabem as palavras do Salmo 1:
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se
detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”.
Baseados nestas palavras sugerimos as seguintes atitudes:
a) Escolher bem as
amizades. Evitar aqueles amigos que tentam nos desviar, não fazendo caso da
Palavra de Deus.
b) Aconselhar-se com
pessoas crentes e sábias, e não com os ímpios.
c) Elevar os nossos
pensamentos a Deus. Meditar dia a dia na Sua Palavra (Salmo 1:2).
d) Fazer nosso culto
particular a Deus e encher nossos pensamentos com coisas edificantes. Em
Filipenses 4.8, Paulo nos ensina em que pensar: “tudo o que é verdadeiro, tudo
o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor
existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento”.
3. Uma mudança de hábitos.
É necessário fugirmos da tentação, antes que ela bata à nossa porta. Adquirir
os seguintes hábitos pode ser muito proveitoso na hora de evitar e libertar-se
da pornografia:
a) Dormir cedo, evitando
assim os programas televisivos noturnos, que, via de regra, possuem conteúdo
sexual.
b) Ficar na Internet apenas
o tempo necessário. Não ficar muito tempo sozinho diante do computador.
c) Ocupar o tempo livre
(isso não inclui nossa devocional) com atividades esportivas e edificantes.
d) Evitar envolver-se em
qualquer tipo de conversação torpe (Ef 5.3-7).
4. Muito importante é
evitar radicalmente o acesso a revistas, vídeos, programas televisivos e sites
pornográficos.
5. Estimular o culto
doméstico. É sempre bom a família estar unida em torno da Palavra de Deus. Este
hábito fortalece o cristão.
Poderíamos colocar aqui
muitas outras formas para ajudar cada um a fugir da pornografia, mas o mais
importante de tudo, muito além de se colocar regras e estabelecer limites, é
deixar muito claro que a raiz do problema não é nenhum desses fatores externos,
mas o próprio coração do homem que é depravado e descomprometido com Deus, o
Criador de todas as coisas. O antídoto é a fé confiante no poder do evangelho
de Cristo que pode e muda o nosso caráter, imprimindo em nós uma nova natureza,
regenerada e capaz, pela graça de Deus, de dizer não ao pecado.
Ouçamos a voz de Deus,
através das Sagradas Escrituras, e busquemos a santidade oferecida no sangue de
seu Filho Jesus Cristo: “tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos
de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa
santidade no temor de Deus” (1Co 7.1).
Conclusão
Ao final do nosso estudo,
concluímos que a pornografia é um mal que deve ser enfrentado e combatido.
Acreditamos que os pastores e as igrejas evangélicas no Brasil podem fazer
algumas coisas, como por exemplo:
1. Ler os estudos e
relatórios sobre os efeitos da pornografia feitos por comissões especializadas;
2. Pregar sobre o assunto e
especialmente dar estudos para grupos de homens;
3. Desenvolver uma estratégia
pastoral para ajudar os membros das igrejas que são adictos à pornografia;
4. Não esquecer que muitos
pastores podem precisar eles mesmos de ajuda;
5. Criar comissões que se
mobilizem ativamente contra a pornografia, utilizando-se dos dispositivos legais
que o permitam (uma possibilidade é encorajar os políticos evangélicos a
tomarem posições bem definidas contra a pornografia);
6. Desenvolver uma
abordagem que trate da sexualidade de forma bíblica, positiva e criativa;
7. Tratar desses temas
desde cedo com os adolescentes da igreja, expondo o ensino bíblico de forma
positiva;
8. Orar especificamente
pelo problema.
Não estamos pregando uma
cruzada de moralização, embora evidentemente a igreja evangélica brasileira
poderia tirar bastante proveito de uma. A pornografia é um mal de graves
conseqüências espirituais e sociais embora não acreditemos que devamos fazer
dela o inimigo público número um, como algumas organizações moralistas e
fundamentalistas dos Estados Unidos. Afinal de contas, a raiz desse problema —
e de outros — é o coração depravado e corrompido do homem que só pode ser
mudado pelo Evangelho de Cristo. Hitler conseguiu em quatro anos banir da
Alemanha todas as formas de pornografia e perversão e incutir na geração jovem
de sua época a aspiração por altos valores morais e pela pureza da raça ariana.
Os motivos eram errados e o projeto de Hitler acabou no desastre que
conhecemos. Não acabaremos com a depravação moral somente com leis e discursos
políticos. Jack Eckerd, um empresário milionário dono de um negócio que rendia
mais de 2,5 milhões de dólares por ano, ao se converter a Cristo em 1986,
determinou que todas as publicações pornográficas vendidas em suas 1.700 lojas
fossem retiradas, mesmo que isso significasse a perda de alguns milhões de
dólares anuais. Quando o coração é mudado as mudanças morais seguem atreladas.
Perguntas e Respostas Sobre
Pornografia
Nesta seção de nosso
Caderno procuramos responder às perguntas mais comuns sobre a pornografia.
1) O que é pornografia?
Resposta: É a representação
da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir
excitamento sexual. Esta representação é feita através de imagens animadas
(filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos escritos ou
falados. A pornografia explora o sexo tratando os seres humanos como coisas e
as mulheres, em particular, como objetos sexuais.
2) Quais os fatores que contribuíram
para o crescimento vertiginoso da indústria da pornografia?
Resposta: São diversos: (1)
a liberação sexual iniciada nos anos 60, trazendo libertinagem e
permissividade; (2) a crescente exposição da mulher, desde o surgimento do
biquíni; o advento da pílula anticoncepcional; o movimento feminista; (3) a
ênfase das novas democracias em liberdade de expressão; (4) o surgimento da
Internet e do vídeo-cassete. No Brasil, após a queda da ditadura, veio a
liberdade de expressão e com ela a banalização da pornografia.
3) A cultura e o clima do Brasil,
aliados ao temperamento do povo brasileiro, favorecem a pornografia?
Resposta: Provavelmente.
Concordamos com a opinião do pastor batista Neander Kraul, publicado na revista
Eclésia: “Em termos culturais, temos uma miscigenação muito grande. Além disso,
vivemos num clima tropical, onde existe a tendência natural de querer expor o
corpo. Mas, se no Brasil existe a exposição exacerbada do nu, e até o modo de
falar sobre o tema ‘sexo’ é escrachado [sic], o mesmo problema existe na
Europa, na Dinamarca, na Suécia, com outras características. É o mesmo pecado,
só que com outros rótulos. Na sociedade americana, o problema da pornografia é
tão grave quanto aqui. Mas aqui existe também um traço cultural: nós, latinos,
temos facilidade para banalizar as coisas. O sexo se torna jocoso, e o
esdrúxulo é bem aceito. Tudo é admissível. A sociedade banaliza a pornografia
como mecanismo de validação para que ela mesma possa engolir tudo isso”.
4) Por que as igrejas não falam mais
deste assunto, já que certamente existem muitos membros viciados em
pornografia?
Resposta: Primeiro, porque
é considerado como assunto melindroso de ser tratado em público; segundo,
alguns líderes receiam despertar o interesse das pessoas pela pornografia se
começarem a falar sobre ela; terceiro, pode ser que a própria liderança de
algumas igrejas não se sinta autorizada a falar contra isto pelo fato de
estarem, eles mesmos, lutando contra a adição à pornografia. Ao final, é dever
da Igreja orientar seus membros quanto ao ensino bíblico da sexualidade. E
neste mister terá de encarar a realidade da pornografia entre cristãos. Uma
abordagem honesta, firme e bíblica instruirá a comunidade sem despertar
curiosidades indevidas.
5) Músicas populares com letras
explicitamente sexuais são também consideradas como pornografia?
Resposta: Sim. A letra
destas músicas contém convites à relação sexual, expressa os desejos e taras
sexuais dos autores, descreve as relações sexuais. É inimaginável que cristãos
se divirtam ao som de músicas assim.
6) É lícito a casais cristãos usarem
material erótico (como revistas e vídeos) em busca de maior enriquecimento das
relações sexuais dentro do casamento?
Resposta: Não, pelas
seguintes razões: (1) Produzirá uma comparação injusta do casal com os modelos
que posam e encenam para material pornográfico; (2) Abrirá as portas para uma
dependência da pornografia, pois aumentará a tolerância para com este tipo de
material; (3) Acima de tudo, se constitui em violação do ensino do Senhor Jesus
sobre a pureza das intenções no olhar para uma mulher (Mt 5.28), do ensino de
Paulo sobre ocupar a mente com coisas aprovadas por Deus (Fp 4.8) e do décimo
mandamento “não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Ex 20.17). Em busca de
maiores esclarecimentos e melhoria na vida sexual, casais cristãos podem
utilizar livros sobre a sexualidade escritos da perspectiva bíblica, que ajudam
a aprofundar a intimidade marital e melhorar a técnica sexual no casamento, sem
incorrer em adultério e nos riscos envolvidos no uso de material pornográfico.
7) É errado fantasiar durante as
relações maritais, trazendo à mente imagens de relações sexuais?
Resposta: Sim, conforme
resposta dada à pergunta anterior. É uma violação de Mateus 5.28 e de
Filipenses 4.8.
8) A pornografia vicia?
Resposta: A julgar pela
quantidade de pessoas que consomem regularmente material pornográfico anos a
fio e pela quantidade de cristãos que lutam durante muito tempo para se
libertar do hábito de ver pornografia, respondemos que sim. Da mesma forma que
fumantes estão conscientes dos males que o fumo causa à sua saúde, porém não
conseguem renunciar ao prazer que fumar lhes traz, os adictos à pornografia,
mesmo conscientes dos males que ela traz para sua alma e para sua família, não
conseguem com facilidade renunciar ao seu prazer, ainda que pecaminoso. Adictos
da pornografia precisam de ajuda para vencer o hábito.
9) Por que cristãos, que sabem que a
pornografia é danosa e pecaminosa, se aventuram ainda a visitar sites
pornográficos na Internet?
Resposta: Vários aspectos
da pornografia pela Internet a tornam uma tentação ainda maior para os
cristãos: ela é acessível, barata ou grátis, e seu consumo é absolutamente
anônimo. Os cristãos não mais precisam sair de suas casas e enfrentar a
vergonha de ir a uma banca de revista ou videoteca para adquirir pornografia –
a mesma é abundantemente disponível em sua casa, sob todas as formas, num
clique do computador. A razão primordial, porém, é a degradação do coração
humano. Tal corrupção permanece no cristão e o inclina a todo mal. Conforme
ensina o Senhor Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os
maus desígnios, a prostituição, … os adultérios … as malícias … a lascívia…”
(Mc 7.22-23). Ensina ainda o apóstolo Paulo: “as obras da carne são conhecidas
e são: prostituição, impureza, lascívia…” (Gl 5.19).
10) O que caracteriza um cristão
viciado em pornografia?
Resposta: A principal
característica é o consumo regular de material pornográfico. A freqüência pode
variar, desde diário até uma ou duas vezes ao mês. O que importa é que o cristão,
apesar de sentir-se culpado, acaba sempre retornando para mais uma olhada. Não
estamos dizendo que olhar uma vez por ano é permitido. Continua sendo
pecaminoso da mesma forma, mas não caracteriza o vício.
11) Quando alguém viciado em
pornografia deveria procurar ajuda pastoral?
Resposta: Tão logo perceba
que realmente se tornou um hábito que não consegue vencer sozinho, ou no caso
de casados, quando percebe que não consegue libertar-se somente com a ajuda do
cônjuge. Muito embora alguém relute, envergonhado, em revelar seu problema
secreto, é preferível sofrer esta humilhação do que mergulhar mais e mais neste
vício danoso.
12) O consumo de pornografia é um
problema que afeta somente os homens cristãos?
Resposta: Infelizmente,
não. Mulheres cristãs também têm sido afetadas e se tornam consumidoras de
pornografia. Há um número crescente de mulheres envolvidas, de acordo com
estatísticas recentes. Antes, as mulheres eram mais viciadas em novelas e
romances. Com o advento da Internet, são as principais freqüentadoras das salas
de chat (bate-papo), onde tudo pode acontecer. Em tempos recentes, mais e mais
mulheres – inclusive cristãs – têm se tornado consumidoras de pornografia pela
Internet. Para alguns pesquisadores, as mudanças culturais pós-modernas têm engendrado
mudanças na mente feminina, de forma neuroquímica e neuroanatômica, tornando-as
mais propensas a consumir imagens e a ser mais agressivas.
13) Se uma pessoa casada está tendo
problemas com pornografia, deveria confessar ao cônjuge?
Resposta: Sim. No processo
de vencer este hábito pecaminoso é importante ter alguém – de preferência o
cônjuge – a quem prestar contas dos seus atos e pedir orações e apoio. Além
disto, consumir pornografia é pecado contra o cônjuge, pois se constitui em
adultério. Biblicamente, deveríamos confessar ao cônjuge e pedir-lhe perdão,
além de seu apoio e ajuda para vencer o hábito.
14) Todas a formas de nudez são
pornográficas?
Resposta: Não
necessariamente. Um dos ingredientes da pornografia é a intenção deliberada de
provocar o despertamento sexual mediante a exposição do corpo humano. Existem
obras de arte, chamadas de “nus”, cuja intenção não é esta, e que não provoca
qualquer reação de caráter sexual nos observadores. Também, a nudez no ambiente
do casamento certamente não pode ser considerada como pornográfica.
15) É lícito ao cristão ver imagens
de nudez apenas para apreciá-las como arte?
Resposta: Devido ao fato
que somos seres sexuados, é praticamente impossível se expor à nudez sem que
haja despertamento sexual, fantasias, desejos, impulsos e intenções. Isto é
agravado pela presença da natureza pecaminosa no cristão, tornando-se
praticamente impossível para um homem apreciar a nudez feminina sem o
despertamento da lascívia e intenções sexuais. Além disto, a indústria pornográfica
produz imagens de mulheres e homens nus, não para serem apreciados como arte,
mas para provocarem o excitamento sexual e a masturbação. Por fim, ao cobrir a
nudez de Adão e Eva (Gn 3.21), Deus já indicou que a nudez deve ser velada e
desfrutada apenas no ambiente de casamento.
16) Em muitas tribos indígenas é
comum se ver homens e mulheres nus. A nudez e o conceito de pornografia não
são, portanto, uma questão cultural?
Resposta: Sem dúvida há um
aspecto cultural da nudez, mas a pornografia transcende aos limites culturais.
A nudez em si, se não for comercializada ou usada para fins eróticos – que é o
caso de uma tribo indígena – não é necessariamente pornográfica, muito embora
reflita os efeitos do pecado na cultura. Deus, ao cobrir Adão e Eva após a
Queda, nos deu um padrão a ser seguido quanto à exposição dos nossos órgãos
sexuais. Desta forma, podemos considerar que a nudez entre índios é um aspecto
da pecaminosidade da cultura diante dos padrões de Deus, mesmo atenuada por
gerações e gerações mergulhadas na ignorância. A pornografia, por sua vez, é
intencionalmente maliciosa e perversa, em qualquer cultura.
17) Por que Deus cobriu a nudez de
Adão e Eva?
Resposta: De acordo com a
Bíblia, o homem e a mulher viviam nus, ao serem criados, e não se envergonhavam
(Gn 2.25). Um dos primeiros efeitos do pecado foi passarem a ter vergonha de si
mesmos, o que os levou a se cobrirem com folhas (Gn 3.7). A nudez, antes
inocente, agora estava marcada pelo estigma do pecado, como se ambos passassem
a ter vergonha de expor seus órgãos genitais e sua intimidade diante um do
outro e do próprio Deus (Gn 3.10). Caridosamente, Deus confirmou a necessidade
do casal em encobrir a sua nudez, dando-lhes uma cobertura mais duradoura, de
peles, antes de expulsá-los do jardim (Gn 3.21). Não sabemos ao certo porque o
primeiro pecado trouxe a vergonha da nudez. Certamente não foi porque tal
pecado residiu nas relações sexuais, conforme popularmente difundido.
Provavelmente porque os órgãos genitais expressam a intimidade maior de uma
pessoa. E agora que estavam manchados pelo pecado, Adão e Eva não desejavam ser
vistos em sua intimidade.
18) A linguagem de textos bíblicos
que falam das relações sexuais e do amor erótico pode ser considerada como
pornográfica?
Resposta: Não, pois tratam
da sexualidade e das relações sexuais no contexto do casamento, onde estas
coisas podem ser expressas com gratidão a Deus.
19) A masturbação é errada?
Resposta: Este hábito está
profundamente ligado à pornografia. A masturbação é errada porque envolve o uso
de imagens mentais eróticas e fantasias sexuais, violando Mateus 5.28.
Dificilmente alguém se masturbaria pensando nas cataratas do Niágara.
20) Já que a pornografia é legal no
Brasil, por que um cristão, que também é cidadão brasileiro, não pode
consumi-la?
Resposta: O motivo é que o
cristão se rege primeiramente pela Palavra de Deus. Ainda que no Brasil seja
legal a publicação, veiculação e consumo de material pornográfico, contudo as
Escrituras condenam a prostituição, a perversão sexual, o adultério, a sodomia,
o lesbianismo, e outras práticas sexuais que são objeto da pornografia.
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Nota sobre o
autor: Augustus Nicodemus Lopes, doutor em Novo Testamento, é
professor de Exegese do Sem. Presbit. José Manoel da Conceição, em São Paulo e
Diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo.
Monergismo
Fonte:
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