Recentemente
um homem disse-me: “Eu preferiria jamais haver nascido! A vida tem sido cruel
para comigo. Tenho saúde miserável e, para dizer a verdade, a vida
positivamente nada significa para mim.”
Não há ser
humano que não deseje ser feliz. Quando uma pessoa se convence de que não pode
jamais alcançar a felicidade, perde o desejo de viver. Sim, embora todos
desejemos a felicidade, e muitos a procurem durante toda a vida, poucos há que
realmente a encontram.
Consideremos
este problema em seus aspectos mais importantes.
Três idéias
Sobre a Felicidade
Há trás
idéias correntes com respeito à felicidade.
A primeira, sustentada por muitos, sugere que para se
encontrar a felicidade, é preciso possuir grande soma de dinheiro, trabalhar
pouco e desfrutar os prazeres da vida. Em outras palavras: vinho, mulheres e
música. Os que assim pensam procuram a felicidade nos atalhos, e jamais a
encontram. A maioria das pessoas chegam ao crepúsculo da vida com a alma vazia,
exclamando: “Eu preferiria jamais haver nascido! A vida não me tem propiciado
qualquer satisfação!”
Segundo, há alguns que negam a existência da felicidade.
Esta teoria é sustentada principalmente pelos que jamais a encontraram. Eles
arrazoam assim: “Nós não somos felizes, logo não existe a felicidade.”
O grande
inventor, Edson, era desta opinião. Quando ele chegou aos oitenta anos de
idade, seus amigos o homenagearam com um banquete. Ao brinde, um dos oradores
perguntou ao hóspede de honra a quem considerava um homem feliz, qual era o
segredo da sua felicidade. Edson respondeu: “Eu não sou feliz, e nunca conheci
alguém que o fosse.” A despeito dos grandes triunfos que havia alcançado no
campo da Ciência, não obstante estar rodeado pela fama e pela glória, Edson não
era feliz.
Alguns
religiosos também ensinam que a felicidade é algo inacessível ao homem; que o
homem nasceu para sofrer, e que através desse processo de purificação ele pode
preparar-se para a vida futura. E há os que vão ao extremo de considerar um
inocente sorriso como sendo pecado.
O terceiro
conceito, com o qual concordamos: Todos temos direito à felicidade. Não é
verdade que todos possuímos um inextinguível desejo de alcançar a felicidade?
Não é este um dos mais profundos anseios do coração humano? Seria razoável
pensar que o Autor da vida houvesse plantado dentro do coração humano um desejo
que jamais seria realizado? Não! Positivamente não! O fato de existir em nós o
desejo inato de alcançar a felicidade é uma indicação de que ela existe e é
acessível a todos.
A mais
prática filosofia de vida foi expressa por S. Paulo, o grande santo e filósofo
do primeiro século. Escreveu ele: “Regozijai-vos sempre.” (I Tessalonicenses
5:16). Toda pessoa tem direito de regozijar-se e sentir-se feliz em toda a
vida.
A culpa de
não encontrar a felicidade reside com o próprio homem. Ele não sabe como encontrá-la,
porque ignora as leis e normas que levam contentamento à vida, ou porque
obstinadamente recusa andar nos caminhos que conduzem à verdadeira fonte de
felicidade.
Que é
Felicidade?
Antes de
tratarmos do problema de como alcançar a felicidade, problema que, estou certo,
todos desejam resolver, consideremos primeiramente o que é a verdadeira
felicidade, e em segundo lugar as causas da infelicidade. Isto nos dará a chave
para uma vida plena de gozo.
A saúde e a
felicidade estão intimamente associadas. Em outras palavras, a boa saúde
promove a felicidade. Quando eu falo de saúde, refiro-me não apenas ao
bem-estar físico, mas também à saúde espiritual e emocional, pois é impossível
separar uma da outra. Elas estão intimamente relacionadas, para o bem ou para o
mal, para prazer ou para desprazer. Aquele que desfruta boa saúde mental,
emocional e física, pode considerar-se uma pessoa feliz.
A dor
física, notemos, é uma indicação de algum distúrbio orgânico. Para nos
aliviarmos procuramos o médico. O mesmo acontece no campo do sofrimento
espiritual e emocional. Quando alguém diz: “Sou um infeliz,” “sinto-me tão
confundido,” “ninguém me compreende,” “estou sempre nervoso,” “preferiria
jamais ter nascido,” é uma indicação de distúrbio mental e perturbações emocionais.
Tais pessoas estão urgentemente necessitadas de mudar sua atitude em relação
aos seus infortúnios.
A felicidade
não pode ser encontrada na busca do ouro, na concentração em coisas materiais,
ou na busca interminável de prazeres seculares. O estado da mente do homem
determina o gozo ou desgosto da vida. É grande verdade que a mente sadia produz
corpo sadio, e inversamente que uma mente enferma pode gerar muitos males
físicos. Permitam que eu ilustre:
Aqui está um
belo jovem, alto, mas a única coisa que realmente tem importância são as
últimas poucas polegadas de sua estatura, isto é, o cérebro. É ali, no cérebro,
que o homem vive com o seu Deus, com o seu próximo e consigo mesmo. O resto de
todo este alto corpo, com o coração, o sangue, os pulmões, o estômago, o fígado
e os outros órgãos vitais, inclusive as glândulas, foram criados unicamente
para permitir ao cérebro viver. As pernas e pés existem apenas com o objetivo
de conduzir a mente para um e outro lado, e as mãos foram criadas para executar
a vontade da mente.
Mas há em
toda parte pessoas que crêem que todo o corpo foi criado para satisfazer
unicamente ao estômago, e que o comer e o beber é o principal objetivo da vida.
Não! O homem deve comer e beber, mas apenas com o objetivo de conservar a mente
em perfeitas condições. Se o homem se lembrasse sempre de conservar a mente
pura e enobrecida, jamais violando sua consciência, ele poderia experimentar
diariamente a verdadeira alegria de viver.
A mente,
capital do corpo, é o centro diretor para onde todos os cabos, isto é, os
nervos do corpo inteiro convergem se encontram, inter-relacionam e coordenam
todas as funções do corpo, mente e alma. Uma vez que o homem é um ser moral, é
lógico que qualquer distúrbio da mente, como a violação da consciência, o temor,
a ansiedade ou o ódio, desorganizarão todo o harmonioso conjunto de funções do
delicado sistema nervoso. Este, por sua vez, afetará e transtornará
profundamente as funções normais de outras partes do corpo. Isto se deve à
íntima relação psicossomática da pessoa no seu todo para o bem ou para o mal,
para a alegria ou para a tristeza.
A Felicidade
Reclama Saudável Filosofia de Vida
A felicidade
depende também do conceito que a pessoa faça concernente ao universo à razão de
sua própria existência como indivíduo. Em outras palavras, a felicidade depende
da capacidade do ser humano de conformar-se a uma filosofia de vida básica e
verdadeira, expressa na forma de religião. Por religião queremos dizer o
esforço de uma pessoa para responder satisfatoriamente às seguintes perguntas:
De onde vim? Por que estou aqui? Que significa a vida? Para onde irei depois?
Toda pessoa que responda a estas perguntas calmamente, honestamente, sem
desapontamentos, cuja vida esteja harmoniosamente ajustada, encontrará a felicidade
e a alegria da vida.
Mas para a
maioria das pessoas religião não é mais do que o cumprimento de certas
obrigações piedosas ou a participação em certos ritos e cerimônias. No entanto,
a vida precisa ser mais que isto. Uma verdadeira filosofia estabelece uma
elevada norma para todos os aspectos da vida: para os negócios, o trabalho, o
lar, as recreações e não é afetada desfavoravelmente, quer se trate de sucesso
ou de desapontamento, porque ela é um caminho para a maior felicidade.
Tempos atrás
uma viúva pediu a um pastor que desse a seu filho alguns conselhos e orientação
para uma vida melhor. O jovem tinha cerca de vinte anos, e desde a adolescência
tinha sido um angustioso problema para sua mãe. Falou com ele, e ficou sabendo
que não havia vício ou pecado de que ele não tivesse tido um conhecimento
experimental. E nessa vida de libertinagem ele estava malbaratando a fortuna da
mãe, sem nunca pensar no futuro. Ele lhe disse:
– Diga-me,
jovem, o que a vida significa para você? Qual o propósito de sua vida?
Ele moveu a
cabeça com alguma tristeza, e disse:
Não sei.
Há muitas
pessoas que, como este jovem, não sabem por que estão vivendo. Esta falta de
objetivo leva a inumeráveis tragédias, arruina vidas e faz que as pessoas
cheguem a amaldiçoar o dia em que nasceram.
Causas de
Infelicidade
Consideremos
agora algumas das emoções ou paixões que conspiram contra a verdadeira
felicidade. A palavra “paixão” é rica em significado. Em seu verdadeiro sentido
ela significa “amor ardente.” E hoje esta palavra perdeu o seu significado real
e é usada principalmente para referir-se aos impulsos mais baixos do ser
humano.
Mencionaremos
três principais paixões ou emoções que geram mais desventuras do que muitos
imaginam. São as enfermidades infecciosas da mente que identificaremos como
temor, complexo de culpa e ódio.
Temor e
Ansiedade
As mais
salientes características da mente humana nesta época de tecnologia são o temor
e a ansiedade. Sim, isto constitui o mais angustioso problema de nosso tempo.
Vamos, pois, considerar o problema do temor, ansiedade, intranqüilidade e
insegurança os quais apresentam aproximadamente os mesmos sintomas.
Há duas
espécies de temor: primeiro, o temor saudável que o Criador colocou em nosso
sistema nervoso para nossa defesa e proteção; o impulso que nos move a nos
proteger contra perigos externos como, por exemplo, ser atropelado por um
automóvel ou contrair uma moléstia infecciosa. Este temor não produz
infelicidade, mas faz que a pessoa tome certas precauções contra possíveis
acidentes.
Segundo, há
o temor mórbido, motivado por distúrbios mentais internos, que levam à
ansiedade. A ansiedade é um conflito interior da alma, no qual não há real
ameaça à vida, mas que nos infelicitam algumas vezes com situações abstratas
que não podemos ver, menos ainda enfrentar. Este segundo tipo de temor, ou
ansiedade, é o maior fator de desventuras humanas que se conhece. A pessoa que
sofre de ansiedade crônica, sente-se em geral cansada a maior parte do tempo.
Após uma noite de repouso sente-se tão exausta como se tivesse estado trabalhando a noite toda. Dizem os psiquiatras que 75% das causas de fadiga crônica referem-se a indivíduos que vivem atormentados por temores e ansiedades que solapam o seu sistema nervoso e debilitam sus energias vitais em maior medida que qualquer tarefa normal, mental ou física.
Após uma noite de repouso sente-se tão exausta como se tivesse estado trabalhando a noite toda. Dizem os psiquiatras que 75% das causas de fadiga crônica referem-se a indivíduos que vivem atormentados por temores e ansiedades que solapam o seu sistema nervoso e debilitam sus energias vitais em maior medida que qualquer tarefa normal, mental ou física.
Em resumo, a
fonte real dessa básica espécie de ansiedade jaz em alguma infeliz relação
entre o homem e seu Deus; ou entre o homem e seu semelhante; ou existe porque o
homem não está em paz consigo mesmo. Tal doentia relação na vida destrói numa
pessoa a paz de espírito.
Temores
Reais e Supersticiosos
Faz algum
tempo, minutos antes de tomar o avião da Argentina para o Chile, subitamente
alguns dos passageiros se lembraram de que era sexta-feira, dia 13. Suas superstições
foram despertadas e alguns desejaram mesmo cancelar a viagem, pois temiam um
acidente. Não sendo supersticioso, um passageiro cristão fez a mais prazerosa
viagem, embora alguns dos outros, em contraste, se sentissem intranqüilos toda
vez que o avião sofria uma queda no vácuo, principalmente sobre as altas
montanhas nevadas dos Andes. Sua ansiedade, devida à superstição
transformou-lhes a viagem numa agonia.
Há muitas
pessoas que estão sempre temerosas de perder o emprego sem nenhuma causa
aparente. Outros temem sempre que estão a caminho da pobreza; possuem casa
própria, dinheiro no banco, mas a ansiedade “os devora.” Há os que temem dia a
dia que vão morrer de alguma enfermidade, e outros constantemente temem a
morte.
Encontrei
uma vez uma jovem senhora que me disse:
Temo que vou
morrer de câncer.
Que a faz pensar assim?
É que minha mãe morreu dessa terrível enfermidade e estou certa de que eu também vou morrer assim.
Repliquei-lhe :
– Eu não me preocupo com à morte. Eu me preocupo mais com a vida. Sei que vivo apenas uma vez, e desejo desfrutar cada dia da vida. Não me sinto amofinado com a espécie de enfermidade que irá causar a minha morte. Quando ela vier, eu sei que virá algum dia, lhe darei as boas-vindas.
Que a faz pensar assim?
É que minha mãe morreu dessa terrível enfermidade e estou certa de que eu também vou morrer assim.
Repliquei-lhe :
– Eu não me preocupo com à morte. Eu me preocupo mais com a vida. Sei que vivo apenas uma vez, e desejo desfrutar cada dia da vida. Não me sinto amofinado com a espécie de enfermidade que irá causar a minha morte. Quando ela vier, eu sei que virá algum dia, lhe darei as boas-vindas.
Esta mulher
estava apenas na casa dos trinta anos, e já se sentia atormentada pensando
diariamente na enfermidade que lhe causaria a morte.
Tenho alguns
amigos agricultores, que depois de uma colheita excepcional que lhes permitiu
viver vários anos sem preocupações, ficaram imediatamente tomados de ansiedade
pelo que seria a colheita seguinte. Haveria chuva, ou ia ter lugar uma
estiagem? Haveria bom tempo ou alguma pragana iria destruir-lhes a lavoura? Em
vez de se sentirem felizes com o bom resultado da safra recolhida, desfrutando
os benefícios, estavam ansiosos quanto ao que seria a próxima safra.
Há
demasiadas superstições, temores e ansiedades, e tantas facetas com respeito a
estas enfermidades infecciosas da mente, que nem tenho tempo de menciona-las
todas. Esses temores devem ser enfrentados e confrontados de modo a se
determinar a natureza da ansiedade ou do temor. Se forem comprovados ser apenas
do tipo supersticioso, é fácil então dominá-los. O bom senso diz que a
superstição não deve ter lugar num espírito esclarecido. Uma pessoa normal
confia em Deus cada dia de sua vida, e não se permitirá ser atormentada por mil
e uma superstições que roubam a alegria de viver.
Mas se o
temor tem uma causa real, tangível, a única maneira é enfrentá-lo valentemente
e com determinação, a fim de encontrar a solução para o problema.
Um Caso
Específico: Homem com Reumatismo Agudo
Uma das
causas de ansiedade real é o complexo crônico de culpa.
Uma vez
enquanto um conferencista estava fazendo uma conferência numa grande cidade, um
homem coxo, de meia idade, e que sofria intensamente, foi levado à plataforma
após a conferência.
Disse ele
que todo aquele dia estivera pensando seriamente no suicídio como fim para as
suas misérias. Mas agora, um de seus filhos lhe levara um convite para a
conferência que estava sendo pronunciada aquela noite. Disse ele:
“O título de
sua conferência me atraiu, e decidi ouvi-lo antes de meter uma bala na cabeça.
Talvez o senhor tenha uma feliz solução para a minha vida angustiosa. Nos
últimos catorze anos venho sofrendo de reumatismo agudo. Às vezes fico na cama
três meses seguidos. Não há remédio que possa curar-me ou aliviar-me.
Marcaram um
encontro para o dia seguinte, e ele contou ao conferencista sua triste
história. Vinte anos antes estivera no caminho da prosperidade. Casara com uma
linda jovem e possuía sua casa própria. Então seu pai, um rico homem de
negócios, confiou ao filho alguns encargos comerciais. Este tirou vantagem da
situação e, mediante processo estritamente legal, privou o pai de grande
quantidade de títulos, apropriando-se deles. Desesperado afinal, o pai levou o
próprio filho diante dos tribunais, sem nenhum resultado. Oprimido pela dor, o
pai morreu alguns meses depois. O filho sentiu que havia sido a causa da morte
do pai. Depois disto, graças a má administração, e como uma condenação a suas
más obras, perdeu tudo, até mesmo o que havia ganho licitamente antes de antes
de arruinar o pai. Assim privara a mãe e as irmãs de uma boa herança.
Agora tinha
uma grande família. Nos últimos catorze anos Vinha sofrendo de reumatismo que
lhe inutilizaram os dedos e causavam tanta dor que muitas vezes ficava meses
sem poder sair da cama. Sua culpa o perseguia e o atormentava cada minuto de
sua vida. Acrescentou ele que sua mãe e uma irmã casada estavam vivendo na mesma
cidade, de maneira que o conferencista mandou chamá-las no dia seguinte. Depois
de haver-lhes falado sobre o assunto, conseguiu que o pobre enfermo fosse
recebido. Ali, humildemente pediu perdão a sua mãe e a Deus. Depois de ouvir as
palavras de perdão da mãe, um sorriso aflorou-lhe nos lábios, e ele disse:
“Este é o
meu primeiro momento feliz em vinte anos. Como resultado, dois dias mais tarde
ele pôde andar com o auxílio de uma bengala, e pouco depois se locomovia como
um jovem! Nunca mais sofreu de reumatismo. Normalizando a situação de sua
consciência, ele conseguiu ver melhorada sua saúde e começou a encontrar
alegria na vida. O que os médicos e os remédios não puderam fazer, a confissão
da culpa logrou alcançar. Agora ele leva uma vida contente e próspera.
Um
especialista em artritismo e reumatismo fez a seguinte afirmação: “Cinqüenta e
um por cento dos casos de artritismo, reumatismo e colites em pacientes que
tenho examinado no hospital, tiveram sua origem no remorso que lhes estava
atormentando a consciência.”
É fato
provado que uma consciência cronicamente perturbada produz mudanças químicas e
biológicas no organismo humano, o que por sua vez enferma o corpo. O filósofo
francês Rousseau (1712-1778), é um vívido exemplo disto. Quando jovem ele viveu
na cidade de Turim, na casa de uma mulher de Verecelli. Em suas confissões ele
escreveu: “Desta casa levo comigo um terrível fardo de culpa que depois de
quarenta anos ainda está indelével em minha consciência, e quanto mais velho
fico, mais pesado é o fardo de minha alma.”
Ele havia
roubado um objeto de valor da dona da casa. Posteriormente, quando a perda foi
descoberta, lançou a culpa sobre a servente da casa, que como resultado perdeu
o ganha pão e a dignidade. Ele continua: “Acusei-a como ladra, lançando assim
uma jovem honesta e nobre na vergonha e na miséria. Ela me disse então: ‘O
senhor lançou a desgraça sobre mim, mas eu não desejo estar no seu lugar.’ A
lembrança freqüente disto dá-me noites de insônia, como se fixa ontem que tal
fato acontecer. É certo que algumas vezes minha consciência esteve adormecida,
mas agora ela me atormenta como nunca dantes. Este fardo está mais pesado agora
sobre o meu coração; sua lembrança não morre, Tenho que fazer uma confissão.”
Nesta
relação são verdadeiras as palavras escritas mil anos antes da era cristã em
(Prov. 28:13) – “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que
as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”
Sim, o que
viola sua própria consciência está movendo guerra contra si próprio, porque o
pecado desorganiza as funções normais de cada célula nervosa do cérebro e de
todo o sistema nervoso, dando em resultado a tensão nervosa e o mau humor.
Quão
terrível é pensar que há pessoas que movem guerra a si mesmas! Levar o peso de
uma culpa não confessada através de meses e anos, obscurece a mente, destrói a
alma e o corpo, e rouba a alegria de viver.
Por outro
lado, desejo falar-vos do gozo de um homem que foi bravo bastante para
endireitar sua vida passada.
Um pregador
recebeu um belo cartão postal de um respeitado advogado e juiz. Ele escreveu:
“Desde que o senhor ajudou-me a endireitar minha vida, sinto-me outro. Minha
mente é clara e de novo amo minha profissão e meu trabalho. Até meus passeios
freqüentes no parque pela margem do rio, parece realizarem-se numa atmosfera
mudada. Agora encontro prazer em apreciar as belezas da Natureza. O cântico dos
pássaros nas árvores é como confortante música aos meus ouvidos. Antes eu não
tinha prazer em observar as flores e as plantas nem em ouvir os pássaros
cantarem nas árvores. Oh! Muito obrigado. Agora vale a pena viver!”
Ateus e
Agnósticos
Há outra
fonte de ansiedade. Uma classe de pessoas que sofrem muito são os que se
orgulham de ser ateus, incrédulos e agnósticos. Muitas vezes quando a
ingratidão do próximo ou luta e revezes parecem subjugar suas pobres alma, eles
não têm aonde ir em busca de auxílio. Não é assim com os que crêem num Deus
amante, fiel e Sustentador. A viva fé em Deus está plantada no fato de que Ele
manifestou ao homem o Seu amor redentor, por meio de Seu Filho, nosso Senhor, o
que por sua vez faz que o homem possa amar o Seu Criador e nEle confiar. Uma fé
assim viva vence o sentimento de ansiedade e insegurança e dá à vida força
motivadora.
O grande
teólogo filósofo S. Paulo, escreveu:
Fil. 4:6 –
“Não andeis anciosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e pela súplica,
com ações de graças, sejam as vossas petições conhecidas diante de Deus.”
Heb. 13:6 –
”Assim com confiança, ousemos dizer: O Senhor é o meu auxílio; não
temerei. O que me poderá fazer o homem?”
Há outra
confortante promessa, que foi feita no oitavo século antes da era cristã:
Isa. 41:10 –
“Não temas pois eu sou contigo; não te assombres, pois eu sou teu Deus.”
É um fato
histórico que quando homens ou nações se tornam indiferentes para com o único
verdadeiro Deus, o temor e a ansiedade oprimam o coração dos homens. A dor
física não produz tão agudo sofrimento como o pesado fardo de temor e
ansiedade, como resultado dos conflitos íntimos.
Carroll A.
Wise, em seu livro Psychiatry and the Bible, escreve:
“A fé é
sempre uma resposta a alguma coisa que se apresenta como digna de confiança, ao
passo que a ansiedade é uma resposta a algo que sentimos como uma ameaça.”
A fé em Deus
é mais forte que o temor. É uma questão mais que meramente intelectual ou
teológica. Ela age como remédio, pois possui propriedades curativas para a
mente, a alma e o corpo. Sim, a fé torna os homens saudáveis e faz que
desapareçam do espírito o temor e a ansiedade.
Ódio e
Ressentimento
Há duas poderosas
forças que operam através da mente e do coração dos homens. São as forças do
amor, de natureza construtiva, e do ódio, de natureza sempre destrutiva. As
forças do amor trabalham sempre para harmonia entre os homens, ao passo que as
forças do ódio sempre levam à desarmonia.
As forças do
amor ajudam a unificar os elementos da vida, ao passo que as forças do ódio
levam à confusão e ao conflito. Tem-se demonstrado que o cultivo das forças do
amor prolongam o período da vida humana, ao passo que as forças do ódio o
encurtam. Ódio é suicídio lento.
Ódio,
ressentimento e espírito não disposto a perdoar são as mais graves da todas as
enfermidades da mente. Há os que parecem desejar unicamente nutrir
ressentimentos e ódio.
Parece que
desejam fazer-se miseráveis. Dizem que ninguém há como eles. Isto pode às vezes
ser fruto de relações inamistosas entre membros da família. Outras vezes, é o
empregado que detesta o empregador. Talvez um trabalhador tenha ressentimento
contra algum companheiro de trabalho, e toda vez que o vê ou nele pensa, sua
pressão sangüínea aumenta. “Ah! – pensa ele – este homem é a causa de todos os
meus aborrecimentos. Ao menos se ele morresse!”
Muitos
sofrem devido ao ódio que nutrem pelo semelhante; dessa forma têm a mente em
estado tumultuoso de guerra civil. Os psiquiatras afirmam que indivíduos sob o
domínio do ódio não são normais dado que dizem e fazem coisas que pessoas
normais não fariam.
O velho
sábio Salomão, em 950 A. C., escreveu uma eterna verdade em Prov. 10:12 – “O
ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.”
Tratemos
outra vez ligeiramente das reações fisiológicas que são causadas por essas
paixões, que por sua vez afetam seriamente a saúde física. As glândulas
supra-renais, localizadas acima dos rins, segregam uma substância chamada
adrenalina. Quando a adrenalina entra na corrente sangüínea, dá ao sangue uma
energia defensiva extra momentânea maior que a normalmente necessária. O
Criador nos proveu com este maravilhoso mecanismo, de maneira que quando estamos
em grande perigo, podemos nos defender mais prontamente. Por exemplo, se um
homem numa densa floresta é atacado por um animal bravio, ele necessita de uma
força extra para imediatamente defender-se.
Quando o
indivíduo sente ódio, ira ou espírito de vingança contra alguém, as glândulas
supra-renais injetam adrenalina no sangue, preparando-o para enfrentar a
oposição e lutar em defesa própria. Mas o indivíduo não luta – pelo menos, não
luta com os seus punhos. Há pessoas que recebem esta descarga de adrenalina na
corrente sangüínea muitas vezes ao dia.
Se a
situação continua ininterrupta por um longo período, o sangue fica envenenado,
sobrevindo modificações no aparelho digestivo, causando pedras na vesícula ou
nos rins, úlceras estomacais, alta pressão sangüínea e outros transtornos. Em
muitos casos esses incômodos poderiam ser evitados apenas pelo manter-se a
mente em calma, mesmo quando nossa reputação é desafiada, ou quando somos
tratados com injustiça. Sim, é alto negócio perdoar imediatamente, e nunca
guardar ressentimento.
Como
Alcançar a Felicidade
Tenho
adotado uma filosofia de vida que posso recomendar confiantemente a todos.
Quando compreendi a relação psicossomática que existe entre o corpo e a mente,
eu disse a mim mesmo: “Por que guardar ressentimentos e ódio? De que vale
nutrir quaisquer sentimentos de recalques contra outros?
Se fizer
isto, estou tão somente convidando misérias e tormentos mentais, levando
comigo, com o passar do tempo, enfermidades físicas que me exigirão grandes
gastos financeiros com médicos e remédios. Prefiro usar meu dinheiro para
coisas melhores. Minha saúde vale mais. Se alguém deseja entrar em conflito
comigo, deverá ficar sozinha. Fique ele doente, se quiser, mas eu não nutrirei
ódio ou ressentimento ou prevenção contra ninguém. Desejo ter saúde e gozar a
vida.”
O maior
filósofo religioso, nosso Senhor Jesus Cristo, disse: S. Mar. 11:26 – ” Mas se
vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará as
vossas ofensas.”
E a ironia
da situação é que aquele que nutre ódio e ressentimento no coração faz mais
dano a si mesmo que ao objeto de seu ódio, porque sua própria mente se torna um
constante campo de batalha. O cômico da situação é que provavelmente o
indivíduo odiado nem sabe que o outro tem contra ele maus sentimentos.
Eu sei que é
difícil drenar do coração o ódio, a amargura, a ira, especialmente quando se
sabe que alguém procurou marear nossa reputação, ou falou contra nós palavras
maldosas.
Mas aquele
que deseja desfrutar a vida, deve dizer como disse nosso Senhor: “Pai,
perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” Na realidade, os que se ressentem
contra outros muitas vezes não sabem o que estão fazendo. S. João disse: “Todo
o que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida
eterna permanente em si.” (1 João 3:15.) Nunca nos esqueçamos do bem conhecido
ditado: “Errar é humano; perdoar é divino.”
A Mente e a
Memória
Para
alcançar a felicidade é necessário também ter controle sobre todos os impulsos,
paixões, desejos e atos da vida. Todo o corpo deve estar sujeito à vontade, e a
vontade deve estar sob o controle da razão.
Em grande
parte, as pessoas estão em geral prontas para descobrir as faltas alheias e
ignorar as próprias. O homem sempre gosta de pensar que é melhor do que é
realmente. Ele não gosta de descobrir as próprias imperfeições. É preciso muita
coragem para ser um juiz severo consigo próprio.
Ninguém até
hoje nasceu com tendência natural para ser perfeito. Todo homem ou mulher que
logrou desenvolver um caráter perfeito só o alcançou graças a anos de
autodisciplina, eliminando uma após outra as imperfeições do caráter.
É benefício
a todo indivíduo conservar a mente e a consciência sempre em harmonia com os
preceitos do eterno Decálogo Moral. Se fizer isto, a consciência será um anjo
de guarda. Se não, ela ameaçará o seu dono como um demônio, reprovando-o com
insistência tão impiedosa e constante, que a vida se lhe torna um fardo.
Aristóteles
disse: “A memória é o anotador de nossa alma.” E outro autor diz: “A memória é
o registrador de nossa consciência e das batalhas da vida, da câmara dos
pensamentos e da razão.”
Na memória
estão escritas para sempre todas as ações da vida, boas ou más, todo o amor ou
ódio. Muitas vezes ela nos leva à noção dos bons e maus atos de todo o curso da
vida. Daí o gozo com respeito a alguns desses atos, e o remorso constante em
relação a outros.
Quão
importante, pois, meus amigos, viver de maneira que nossa memória no declínio
da vida seja apenas de tal natureza que incrementará paz e gozo, e fará avultar
a felicidade.
Amor
Um
ingrediente adicional importante a uma vida de alegria é o amor puro e elevado.
A certeza de ser profundamente amado e desejado é um tônico para as pessoas
normais.
Mas para ser
profundamente amado e querido, como o esposo quer a esposa, os filhos aos pais,
os amigos aos seus colegas, é preciso primeiro semear altruisticamente essa
maravilhosa semente na vida de outros, sendo bondoso e sempre pronto a ajudar
alguém sem esperar remuneração. A semeadura do amor sempre produz amor.
Não faz
muito tempo, uma pessoa queixou-se a mim: “Ninguém me estima. Ninguém me ama.”
Eu disse a essa pessoa: “Comece a amar a outros; mostre interesse em seu
bem-estar, e esqueça-se de si mesmo. No devido tempo você terá muitos amigos
amáveis.
A Verdade
A
honestidade e a verdade devem ser pedras angulares da própria existência de uma
pessoa. Deve ela humildemente e com boa vontade receber e viver o que sabe ser
verdade, venha de onde vier. Ela não será governada por seus gostos ou desgostos,
nem por seus sentimentos ou preconceitos. É o reconhecimento, a aceitação e o
viver a verdade que sempre bane a ansiedade, a inquietação e o sentimento de
infelicidade.
Conclusão
Queridos
amigos, nós vivemos apenas uma vez. Se é certo que passamos por esta vida
apenas uma vez, devemos sem dúvida esforçar-nos por viver em estado de
felicidade. Tomemos a determinação de gozar a vida e cultivar a felicidade.
Façamos
disto um hábito. O cultivo da felicidade deve ser a filosofia de cada um e deve
dominar todo pensamento e atividade. Ao levantar-se pela manhã, diga cada um a
si mesmo:
“Hoje serei
feliz. Não pensarei, nem direi ou farei qualquer coisa que me faça infeliz, e
me prive da paz de mente e de gozo para o dia.”
A felicidade
deve ser cultivada como uma planta no jardim. A planta deve ser regada com
freqüência e o canteiro deve ser capinado constantemente se desejamos que a
planta seja viçosa e bela. Assim também a felicidade deve ser cultivada, e
diariamente precisamos eliminar a erva daninha da infelicidade que aparece na
mente, na forma de tentação para que se transgrida a lei natural e moral, com o
resultado da ansiedade, temor, inveja, ódio ou espírito indisposto a perdoar.
Lembremos
sempre o que disse Pascal uma vez: “A felicidade não está apenas dentro ou fora
de nós, mas em nossa união com Deus.”
Acima de
tudo, vale a pena controlar os sentimentos e paixões, sujeitando-os à razão e à
vontade de Deus. É debalde buscar alguém a felicidade, se não submete os
impulsos na obediência ao princípio. Digamos conosco mesmo:
“Jamais
farei ou direi qualquer coisa que me obrigue a transgredir a lei moral e violar
a minha consciência, o que resultaria em complexo de culpa.”
Tenhamos
nossas mentes; completamente purificadas, pra que, santificados pelo Espírito
de Deus, possamos abrigar apenas pensamentos de amor, bondade, paz, sabedoria,
conhecimento, discernimento, paciência e perdão. Então em muitos casos o
reumatismo, distúrbios digestivos, hipertensão e outros males semelhantes
desaparecerão e nós estaremos bem e felizes.
Quantos de
meus amigos estão prontos, com o auxílio de Deus, a tomar uma vassoura,
figuradamente falando, e varrer da mente todas as coisas que produzem
infelicidade, temor, ansiedade, ressentimento, imoralidade, inveja, ódio e um
espírito mal disposto, substituindo-os por qualidades espirituais que
contribuem para a formação de um caráter nobre, e uma atrativa personalidade?
É meu desejo
sincero, de coração, que vos toque uma felicidade verdadeira e verdadeira
alegria.
Pr. Walter
Schubert
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