Este mês
temos o Natal. Assim dizendo, queremos nós dizer que Cristo nasceu a
25 de dezembro? Não. Em verdade, sabemos que não.
O Natal,
porém, não é uma data; é um acontecimento — o maior acontecimento que já
teve lugar. O haver Cristo nascido a 25 de dezembro ou em qualquer outra
data, não importa. O fato indiscutível é: Ele nasceu. O eterno Filho de
Deus velou o ofuscante esplendor de Sua divindade, e tomou sobre Si a carne
humana. Ele, o Criador, tornou-Se o Infante da manjedoura de Belém. Deus
revestido de humanidade, fez Sua aparição neste mundo hostil, pronto
a arriscar tudo para salvar a humanidade perdida.
Que noite,
aquela para a Terra!
Estranho, no
entanto, nem mesmo os dirigentes do povo escolhido deram as boas-vindas ao
Cristo infante. Estavam demasiado atarefados com suas cerimônias e
ritos, suas rotinas espirituais. Eram demasiado rígidos em seus
conceitos quanto à maneira porque o Messias devia vir. Que Ele
pudesse nascer em um estábulo, estava fora de qualquer possibilidade.
Mas se bem
que a nação judaica ignorasse seu Rei, o nascimento de Cristo não passou despercebido.
Diz a Escritura: “E tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do
rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo:
Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a Sua estrela
no Oriente, e viemos a adorá-Lo.” “E, entrando na casa, acharam o Menino
com Maria Sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram; e, abrindo os seus
tesouros, Lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra.” S. Mat. 2:1, 2 e
11.
Esses
visitantes do Oriente são chamados “magos”. Eram homens de nobre
nascimento, profundos estudiosos da Natureza. Todavia, ao estudar as indicações
da Providência na Natureza, sentiram a necessidade de mais claro conhecimento
do Eterno. E, em sua busca da verdade, volveram-se às Escrituras dos
hebreus. Ali aprenderam que o primeiro advento do Salvador estava próximo.
Uma noite
viram eles no céu uma estrela de brilho incomum. Sendo estudiosos dos
corpos celestes, sabiam que esta luz brilhante não era uma estrela fixa ou
um planeta. Nela reconheceram um arauto do Prometido e, instruídos
por sonhos, puseram-se a caminho do Ocidente, viajando de noite a
fim de manter de vista a estrela.
Ao
encontrarem afinal o Menino, caíram de joelhos e O adoraram. ”Através
da humilde aparência exterior de Jesus, reconheceram a presença da Divindade.
Deram-Lhe o coração como a seu Salvador, apresentando então suas dádivas —
‘ouro, incenso e mirra’.”— O Desejado de Todas as Nações, pág. 44.
O admirável
exemplo dado por esses inteligentes pensadores tem sido seguido por
milhões nos 1.900 anos passados. Como esses Magos, multidões têm
aceitado a Jesus como a Pérola de grande preço, Aquele que é
totalmente desejável. Conquanto não sejam sábios segundo as normas do
mundo, manifestaram uma sabedoria nascida do alto. E hoje, como os
três nobres da antigüidade, sábios ainda seguem a Cristo. Seguem-nO em
humildade, sendo bondosos, cheios de coragem, honestos, abnegados.
E os sábios
de hoje — como os três de outrora — encontram sua suprema alegria em dar
ao Mestre os melhores dons que possuem. Não prodigalizam a si
próprios os seus tesouros, cerrando egoistamente o coração às
misérias da humanidade. Mas dão, primeiro a si próprios, depois os seus
recursos — para que outros sejam beneficiados.
Infelizmente,
o Natal no século vinte se tem tornado inextrincavelmente associado ao
comercialismo. Todas as lojas, mercearias e casas comerciais de toda
espécie, tomam galas de Natal um ou dois meses antecipadamente.
Amemo-Lo
Mas nem
todos deram a Cristo um lugar secundário no Natal. A.N. Meckel conta a
história de um meninozinho que foi visto entrar várias vezes na
igreja num Dia de Natal. Ao sair dali o pequeno, depois de uma de suas
visitas, um bondoso sacerdote perguntou:
— Que dádiva
pediu você ao Menino Jesus?
— Oh,
respondeu o pequenino, eu não pedi nada a Ele. Eu só estava ali para
amá-Lo um pouco.
Oxalá que
todos nós passássemos nesse dia algum tempo a “amá-Lo um pouco”! É
esse o poderoso apelo do Natal — que os homens ponham de lado sua ganância,
seus ódios, seu orgulho, a tirania das más paixões — e amem o Filho
de Deus porque Ele é tão maravilhoso! Se tão somente os dirigentes
seculares e religiosos do mundo se pudessem reunir humildemente em torno
da manjedoura! Paz e amor lhes encheriam o coração enquanto, juntos,
adorassem o Infante Redentor.
Que lástima
que isto não acontece. Muitos dos dirigentes do mundo não têm lugar para o
Salvador na hospedaria de seu coração. Nem mesmo o povo comum de
certas terras se reunirá nesse dia para adorar o Menino de Belém. Não
podem fazê-lo, porque mais de um bilhão dos habitantes da Terra ainda não
ouviu a história do Natal. Que tragédia!
Conta-se que
um colportor na parte norte da índia, enquanto visitava uma família,
contou a história do nascimento de Cristo, depois leu-a da Escritura.
Enquanto ele assim fazia, um dos interessados ouvintes perguntou:
— Quanto
tempo faz que o Filho de Deus nasceu aqui na Terra?
— Cerca de
2.000 anos, respondeu o missionário.
— Então,
quem tem estado a esconder este Livro por todo este tempo? Indagou o aldeão.
Compreendemos
quão vazia seria nossa existência se, como esses indianos, estivéssemos
sem Jesus. E avaliamos que vazio haveria no mundo do espírito e da
mente caso não tivesse havido o primeiro Dia de Natal? No mundo da
música, não haveria nada dos grandes hinos da fé cristã. Nem canções
de Natal. Nem o Messias de Händel!
Que dizer do
mundo da literatura? Não teríamos o Novo Testamento. Nem livros como O Desejado
de Todas as Nações. Nem revistas religiosas destinadas a levar aos outros
as gloriosas novas da salvação. E, no mundo da arte, nada de pinturas
representando o Infante de Belém, nem quadros da Santa Ceia, nem cenas do
Salvador no Getsêmani ou na cruz.
Oh, quão
frio e quão vazio seria nosso mundo sem Cristo e o calor que Ele nos
traz! Nós, de terras cristãs; temos sido grandemente abençoados. Mas
ao compreendermos que dois terços da população do mundo ainda estão sem
Cristo, podemos nós ficar contentes? Os pacotes que hoje abrimos
podem estar envoltos em papéis estampados e atados com fitas de vivas
cores; mas o maior dos Dons que já foi feito, estava envolto em
faixas. Assim, neste Dia de Natal, não faremos uma nova consagração
de nossa vida, nosso tempo, nossos recursos, para que a Estrela de
Belém brilhe nas trevas egípcias de nossos dias, guiando sábios de
todas as nações ao Salvador?
Texto de
autoria de Kenneth H. Wood, publicado na Revista Adventista de Dezembro de
1961.
Fonte:
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